A Rebelião: Crítica AdoroCinema

Quando um filme mostra uma missão extremamente importante sem apresentar um ponto central consistente, é de se esperar uma história um tanto quanto confusa. A Rebelião não deixa de ser um bom filme de ação movido por um contexto ideológico e político que contém nexo, mas se perde ao não aproveitar tanto os argumentos dos personagens.

A mensagem que tanto o filme quanto os personagens passam é consistente, mas só ganha força o suficiente nos momentos finais. A falta de desenvolvimento da maioria do elenco, que apenas serve como muleta para o roteiro seguir em frente sem dar explicações consideráveis, tira boa parte da motivação das figuras principais e faz uma boa parcela do roteiro perder o sentido.

O contexto é muito interessante: ao invés de vermos uma invasão alienígena na Terra, vemos tudo já bem organizado de uma forma que engrandece o lado dos seres vindos do espaço. Os humanos cooperam (ou pelo menos a maioria deles), os recursos do nosso planeta estão cada vez mais escassos e a diferença entre os ricos e os pobres estão cada vez mais gritantes. O cenário, totalmente negativo para quem sempre viveu na Terra, nos é explicado através dos personagens que fazem parte de uma rebelião que almeja atacar os aliens e os políticos coniventes a eles.

Mas se a ideia é muito bem estruturada e o contexto também convence de início, o problema quanto ao desenvolvimento dos personagens fica cada vez ainda mais gritante. É difícil não se ver confuso em certos momentos por conta da quantidade de personagens postos em tela com pouquíssimo embasamento. O elo principal, formado por John Goodman e dois irmãos que perderam seus pais no dia da invasão, é o que mais faz sentido. Todo o resto simplesmente deixa de funcionar à medida que os jovens órfãos tentam sobreviver e "acender a chama" da rebelião.

A Rebelião não aproveita todo o potencial que possui. Se por um lado todo o plano de ataque faz sentido quando pensamos no que pode resultar, olhando pelo outro lado é impossível não notar o quanto ele demora até engrenar e chegar ao ponto de impactar. Isso é um problema no projeto dos rebeldes? Não, mas sim do ritmo imposto à narrativa. Por focar muito na dualidade do personagem de Goodman e não nos dar tanto chão com relação a quem ele é e o que almeja de fato, o caminho até o desfecho não vai alimentando uma sensação de empatia para com ele ou qualquer outro indivíduo da resistência aos aliens. O final da história parece ter sido grandioso, mas nada nos é exibido - e isso se encaixa perfeitamente no fato do filme não nos entregar uma experiência completa. Tudo é fragmentado.