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    Château - Paris
    Média
    3,0
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    João Carlos Correia
    João Carlos Correia

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    2,5
    Enviada em 20 de março de 2018
    A crise financeira que assola a Europa desde 2008 em conjunto com as guerras que vem ocorrendo no Oriente Médio, em particular na Síria, alterou muito a vida - nem sempre para a melhor - de imigrantes e refugiados que foram ao Velho Continente em busca de uma nova vida. Uma dessas mudanças foi o aumento do tão temido desemprego e do trabalho informal. É sobre essas consequência que o filme francês Château-Paris tenta falar.

    Charles (Jacky Ido, de Bastardos Inglórios) é um malandro simpático e elegante que vive no bairro de Château d'Eau e ganha a vida levando clientes para o salão de beleza de Djenaba (Félicité Wouassi, de Assassino(s)), de quem recebe comissão, mas sonha em ter o seu próprio salão. Enquanto tenta subir na vida, tem que aguentar as confusões do esculachado Moussa (Jean-Baptiste Anoumom, de Paulette), do flerte de Sonia (Tatiana Rojo, de Bem-vindo à Marly-Gomont) e da concorrência de Bébé (o estreante Eric Abrogoua).

    Ao assistirem Château-Paris, os espectadores podem surpreenderem-se ao verem uma cena bastante comum por aqui, mas, para muitos, impensável em país considerado de primeiro mundo como a França: marreteiros vendendo produtos e/ou serviços de todos os tipos ao público em geral.

    Mas, não deveria ser uma surpresa, pois a França foi - e ainda é - um dos países que mais sofreram com a crise financeira que ocorre na Europa nestes últimos dez anos. Como em qualquer país que passa por esse tipo crise, os marreteiros são uma consequência bastante natural dela. E são as camadas mais desfavorecidas da população - neste caso os pobres, imigrantes e refugiados - quem mais vivem da informalidade, mas que, ainda assim, não deixam de sonhar em progredir.

    Não é a primeira vez que o cinema francês retrata essa situação. Em Samba (2015), é também mostrada a situação desses mesmos imigrantes e refugiados em sua luta pela sobrevivência e por uma vida digna de um modo sério, embora com toques de humor.

    Esse, aliás, é o problema de Château-Paris. Embora se apresente como comédia, não consegue desenvolver-se como tal ainda que tenha uma ou outra boa piada como por exemplo, o apetite de Moussa por dinheiro.

    Dirigido a quatro mão por Cédric Ido (O Milagre em Sant'Anna) e Mody Barry (Amém), que fazem sua estreia em longa-metragem (seu trabalhos anteriores são como ator, efeitos especiais e em curtas-metragens), mostram sua inexperiência nesse gênero, com uma direção e um roteiro sem caminhos claros e com final xoxo.

    O que é uma pena pois a ideia do filme em si é boa e poderia ter gerado uma comédia social e reflexiva. Ou seja, tinha tudo para dar certo, mas não deu, assim como na comédia estadunidense Irmãs (2016).

    Entretanto, os diretores acertam ao mostrar um outro lado de Paris. Não a de cidade-luz que todos conhecem, mas a de outro tipo de luz: a dos bairros multi-étinicos, nos quais predominam imigrantes africanos, asiáticos e do Oriente Médio, que tem brilho próprio que refletem no seu visual, seu modo falar e sua música - a trilha sonora é um outro acerto do filme.

    O elenco de Château-Paris é quem acaba por salvar o filme de um desastre total. Assim como em Samba, vários atores são ou tem ligações com imigrantes como, por exemplo, o irmão do diretor Cédric, Jacky Ido, que é natural de Burkina Faso, antiga colônia francesa.

    Jacky Ido é a maior razão para assistir Château-Paris, pois ele é um ator muito bom, simpático, carismático e cheio de charme, que faz com que os espectadores imediatamente gostem de seu personagem, Charles, tal qual ele mesmo diz, "como o príncipe". Na verdade, ele é o rei deste filme!

    Jean-Baptiste Anoumon é outro ator de talento que salva o filme, com as melhores tiradas cômicas. Tatiana Rojo e Félicité Wouassi , duas atrizes igualmente talentosas, fazem o contraponto realista como duas mulheres batalhadoras e de personalidade marcante em busca de um lugar ao sol, sendo que a personagem de Tatiana, Sonia, tem o sangue bem quente e não se intimida com o marginal Bébé, feito pelo estreante Eric Brogoua, que está igualmente bem e pode ainda vir a ter boa carreira no cinema.

    Na sua indecisão em ser ou uma comédia escrachada ou social, ou política ou simplesmente uma comédia, Château-Paris desperdiça talentos e perde uma grande oportunidade de tratar com bom humor de assuntos sérios e atuais e que ainda irão perdurar por um bom tempo. É realmente uma pena.
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