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    Turma da Mônica - Laços
    Críticas AdoroCinema
    4,5
    Ótimo
    Turma da Mônica - Laços

    Missão cumprida

    por Francisco Russo

    Tantas gerações cresceram lendo as histórias em quadrinhos da Turma da Mônica, ou vendo seus desenhos na televisão ou indo ao cinema acompanhar animações emblemáticas, como A Princesa e o Robô. Para estes, mais que a familiaridade há o carinho existente com personagens que os ajudaram a crescer, seja divertindo ou até ensinando. Vê-los agora em carne e osso, mais que um sonho, é acima de tudo uma imensa responsabilidade. Afinal de contas, como respeitar toda esta turma que os acompanhou ao longo de tantos anos, sem deixar de lado a necessária atração aos mais jovens?

    A resposta começou a ser delineada em 2013, com o lançamento da graphic novel "Laços", de autoria dos irmãos Vitor e Lu Cafaggi. Nela, Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão (e tantos outros da turminha) foram apresentados em uma versão mais realista, como se existissem de fato. O sucesso foi tão grande que duas sequências vieram na esteira, "Lições" e "Lembranças", assim como a adaptação para o cinema. Para comandá-la, Daniel Rezende. Indicado ao Oscar como montador por Cidade de Deus, ainda virgem na direção - o ótimo Bingo - O Rei das Manhãs não havia sido lançado. Era uma aposta ousada, de lado a lado. Deu certo.

    Fã inveterado de "Turma da Mônica - Laços", tal característica fica escancarada em cada minuto de sua adaptação cinematográfica graças ao profundo respeito com o qual o diretor trabalha o material que tem em mãos. Mais que apenas espelhar a bela aventura criada pelos Cafaggi, vai além ao trabalhar com extrema competência ícones tão profundamente marcados no imaginário coletivo, seja através de teorias, lembranças ou meras cenas emblemáticas. Como não abrir um sorriso ao ver Cascão saindo de dentro de uma lata de lixo ou quando Magali surge tentada por uma melancia? Como não rir ao ouvir a ingênua petulância tão condizente com Cebolinha em seu "gênio cliando"? Como não se encantar com a impressionante personificação de Giulia Benite como Mônica?

    Se o jogo já estava bem encaminhado, Daniel Rezende vai além. A partir de uma minuciosa direção de arte, trouxe à vida o bairro do Limoeiro e contornos reais a tantos personagens ficcionais, alguns de forma espantosa - é impressionante a caracterização de Fafá Rennó como Dona Cebola. Cuidadoso ao não propagar a violência, mantém a Mônica briguenta mas repercute tais momentos apenas através de onomatopeias e expressões de quem está à volta - um belo meio de contornar uma situação delicada nos dias atuais, sem trair a essência da personagem. Ao mesmo tempo em que constrói uma ambientação que flerta com o passado - o figurino dos pais, o telefone de gancho, a praça com coreto, o vendedor de balões -, dialoga com o presente através do gestual das crianças e expressões típicas do cotidiano, como "só que não". Insere, aqui e ali, easter-eggs de todo tipo para serem descobertos pelos fãs dos quadrinhos, sem jamais limitar quem não os perceba - dica: atenção às matérias nos jornais!

    Há muito a ser elogiado em Turma da Mônica - Laços, em relação aos aspectos técnicos. Entretanto, mais importante ainda é a manutenção da essência do que é a Turma da Mônica em relação à amizade. Neste sentido, é também preciso elogiar não só a precisa seleção do elenco infantil mas, especialmente, o trabalho feito para que tal dinâmica do quarteto soe orgânica. Mais uma vez, ponto para o diretor e sua equipe.

    Apesar de tantos acertos, é também necessário apontar algumas inconstâncias. A maior delas, sem sombra de dúvidas, é o estranhíssimo tom esverdeado desbotado usado nos efeitos especiais do Floquinho. De ritmo intencionalmente mais lento, o filme por vezes carece de maior agilidade, especialmente quando o quarteto adentra a floresta - o que pode ser um problema especialmente ao público mais jovem, tão acostumado com o ritmo frenético dos recentes blockbusters. Além disso, há ausências sentidas em relação à graphic novel, como os flashbacks de Cebolinha quando bebê - até compreensíves, diante da dificuldade em rodar tais cenas - e o abandono das fantasias, que tanto marcam o lado lúdico das crianças na história dos Cafaggi.

    Por outro lado, há o Louco. Em boa performance de Rodrigo Santoro, que se despe dos cacoetes habituais, a participação do personagem diverte pelo inusitado e também pelo jogo de câmeras implementado, potencializando a teoria com a qual o filme flerta escancaradamente. Há também a bela trilha sonora de Fabio Goes, não só pelas composições em tom de aventura mas, também, pela bela piada com uma canção bem conhecida da música popular brasileira. E há também brincadeiras divertidíssimas em torno das características dos personagens nas HQs, como a genial sequência envolvendo sapatos.

    A partir de sua devoção pessoal ao universo criado por Maurício de Sousa - que surge em breve participação especial -, Daniel Rezende construiu não só um filme que respeita profundamente ao fã, mas também uma aventura que não menospreza as crianças, ao tratá-las com sensibilidade e inteligência. De forte apelo nostálgico, seja pelo histórico da relação dos personagens com seus leitores ou mesmo pela ambientação proposta, com ecos do presente e do passado, Turma da Mônica - Laços é um filme encantador. Não se surpreenda se, ao assisti-lo, cair uma - ou duas - lágrimas, aqui e ali. O filme não só proporciona tal emoção, como é um projeto que toca fundo naquela sensação tão maltratada nos dias atuais que é ser brasileiro.

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    Comentários

    • Ró Mira
      O ritmo é bem diferente dos quadrinhos, pensei que poderiam colocar pessoas mais próximas das figuras, como de fato o Cascão. Maurício de Sousa deixou uma figura sem identidade até o lançamento do filme, lembrando que negro não é representado pelo tom da pele mas pelas caracteristicas que preenchem requisitos de uma etnia. Talvez a Mônica do filme seja a mais parecida com a dos quadrinhos, mas também entendo que muitas parcerias e patrocinadores e acordos e diretores etc, podem corrobarar com mudanças.
    • Edcarlos Marinho
      Cresci lendo os gibis e tenho uma ressalva, o filme faz boas referências aos quadrinhos, no entanto, no meu ponto de vista, deixou muito a desejar, achei bem fraco, inclusive o roteiro, terminei o filme e fiquei sem entender por que o nome Turma da Mônica, deveria ter sido turma do Cebolinha...rsrs... o elenco até tenta se superar, vide o Rodrigo Santoro que é um excelente ator, mas fica só nisso mesmo.
    • Richardson d
      Filme excelente. Assisti no cinema com meus filhos e assisto na Net com eles sempre que pedem.Resgatou muito bem a essência da revistinha.Achar problema na cor dos pêlos do Floquinho é falta da que fazer.Sobre o ritmo dentro da floresta realmente perde um pouco, mas nada que desabone.A pior parte do filme é um dos personagens que mais gostava na revistinha, o Louco, deram tempo demais - um tanto cansativo - para ele falar nada com nada sem acrescentar conteúdo, só apresentar o personagem, Santoro deve ter pago algo para aparecer mais tempo, ou só porque é famoso lá fora, só pode.
    • Salin C.
      filme fraquíssimo
    • Bruno Sinqueira
      nao sei aind nao vi mais vou ver quando der
    • Lily
      Simplesmente perfeito. Cresci lendo os gibis. Meu pai assinava pra nós. Uma nostalgia. Adorei, achei vários easter-eggs. Fiquei fascinada.
    • Val S.
      Não, não é querido. Turma da Mônica faz parte da nossa cultura, da infância de muitos, da nossa literatura. O filme tem falhas, mas o resumo resulta num resultado ótimo, gostoso de assistir e gostinho de quero mais.
    • Val
      Na verdade gostei do filme, mas esperava algo mais turma da MÔNICA 'tava mais para turma do CEBOLINHA. A história é dele, do bicho dele, dos planos dele, ele lidera, ele é o destaque, enfim. A MÔNICA, assim como os outros, foram apenas coadjuvantes. Mas isso nem é o que me desagradou mais (isso eu resolvi facilmente imaginando que lua um gibi do cebolinha, que na verdade são os meus preferidos), o que mais me desagradou foi o fato de surgir um clima de romance entre Monica e Cebolinha no final, destacando ainda mais o personagem masculino. (Criança não namora, nem de brincadeira).
    • LIVIA GOMES
      Achei que faltou mais humor nos personagens principalmente da Magali e do Cascão, eles ficaram meio desbotados. Na versão animada dos Gibis eles são bem engraçados, irônicos, fazem bastante piadas, são bem divertidos.
    • Luizzemberg Souto Pedreira
      Esta e uma Obra de Arte, a muito sonhado por mim pra ver de Mauricio de Souza!!! minha infância e juventude foi lendo gibis da Turma da Mônica !!!! Comecei a aprender a ler com a Turma da Mônica, Vivi muitas aventuras, ri e chorei muito com os planos infalíveis do Cebolinha, Amo a turma da mônica !! Vi todos os cine gibi, Todos os personagens mesmo os maus kkkk AMEI CADA MINUTO DO FILME!!!! Espero que venham outros, Ainda tem Muitos personagens pra vermos na telona!!!!!Obrigado Maurico de Souza, Me fez sentir criança novamente!!!!
    • Luizzemberg Souto Pedreira
      Desculpa mas, Você e um Imbecil ou retardado? Cresça e apareça, ou pendura um abacaxi no pescoço que você chama mais a atenção! Claro pra gentinha como você sem cultura, sem raiz ou conhecimento não vai ser uma obra de arte, o que pra você é arte pra mim e lixo! Tenha vergonha na cara e vá procurar uma enxada e vai capinar um lote!!!! ou fica calado ou num pasto relinchando!!!!
    • Rebeca Françoise Schitini Lope
      ammm, quem te perguntou?
    • gilson
      esse tipo de filme devia ser banido dos cinemas é uma bosta pelo amor isso merece zero de nota
    • barbosa s
      Boa noite . Tenho uma crítica para comentar! Não tenho o que falar do filme do roteiro, do elenco. Cresci lendo os quadrinhos da Turma da Mônica. E confesso que fiquei muito ansioso pra ver como seria a versão dos personagens. E o mais esperado era o Cascão. O ator se encaixou, representou bem, mas esperava Cascão o mais próximo possível da versão do quadrinho, aquele topete duro e meio sarará. E esse detalhe consertada muitas pessoas devem ter observado.
    • Danielle F
      Filme lindo e cheio de referências aos gibis!Nada fantástico demais (nada de Mônica com força de Super Homem; essa característica dela foi abordada de forma branda, sobressaltando a forte personalidade e virtudes - mais do que super forte, a Mônica é uma super amiga e super esperta).A cena com o Louco é uma das melhores! Ficou simplesmente perfeita e o ator não poderia ter sido melhor escolhido! Muito engraçado, muito bem feito e fica aquela dúvida: foi real ou foi sonho? De novo trazendo a turminha pra realidade, aproximando-os da gente sem perder o toque de fantasia!Amei!Filme bem feito, uma trama básica e simples, mas muito bem amarrada, muito divertido, excelentes atores mirins, excelentes diálogos e situações cômicas. Pra toda a família 💕
    • Bruno [FM]
      NOSTALGIA e muita EMOÇÃO de ver. Para os adultos foi voltar a infância. Para as crianças foi um filmaço de aventura com aquele gostinho brasileiro. A parte técnica realmente está maravilhosa! Fotografia e uma direção de arte (cenários e etc) impecáveis! Personagens que até assustam de tão parecidos com os gibis e uma trilha sonora bem estruturada.Todos sabemos que o cinema nacional ainda tem MUITO a evoluir, mas não tenho DÚVIDAS que com esse filme vemos mais um grande avanço. Parabéns pela adaptação! Por trazer as telas do cinema essa turminha que cresci vendo apenas nos gibis. Espero que tenha sequências e que o Maurício de Sousa ainda tenha muitas estórias pra contar, seja nos gibis, ou nas telonas. #Glatidão
    • Ayri Hawkeye
      Não sei o motivo, ele sempre teve a msm cor que os demais, quem era afrodescendente era o Jeremias
    • José Carlos Moreira
      Assistir Turma da Mônica- Laços com minha neta foi o programa mais lúdico e prazeroso dos últimos tempos...Trouxe a tona um tempo em que vivíamos aventuras imaginárias, florestas, sustos, bicicletas, amizades sólidas, sentimentos verdadeiros. Ver seus risos, saltos e gritos de pura interação com a trama, e agarrar no meu braço nas cenas de suspense, valeu cada centavo do ingresso. Me fez esquecer os 65 anos e me surpreender interagindo também... Maurício de Souza retrata por vias únicas e originais o lúdico de todos nós, e resgata a crença de que a paz e a felicidade moram nos campinhos e pracinhas onde as crianças se reúnem e brincam. Maravilhoso! Detalhe para o roubo de cena de Rodrigo Santoro. Agregou valor e deixou lições valiosas aos talentos em lapidação.
    • Caio Marcossi
      Se ele puxou o pai e crespo.
    • Gabriel M. Santos
      Acho q o cabelo dele só deve ser ensebado. Mas pelas imagens do filme ele tá parecendo bem limpinho.
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