Minha conta
    O Estranho Caso de Ezequiel
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    O Estranho Caso de Ezequiel

    Amor livre

    por Lucas Salgado

    Após filmes como Estrada para YthacaDoce Amianto, o jovem diretor cearense Guto Parente chega com seu mais novo projeto: O Estranho Caso de Ezequiel. O título é uma referência à figura bíblica de Ezequiel, profeta que tem sua esposa tirada por Deus e é ordenado a não mostrar pesar algum. Devia sofrer em silêncio.

    No longa, Ezequiel (Euzébio Zloccowick) é um homem triste e resignado pela perda da esposa (Nataly Rocha). Ele vive num estado de silêncio e solidão, até que, no quintal de sua casa, recebe a visita de uma criatura misteriosa, meio humana, meio alienígena. Ao mesmo tempo, começa a ter visões de sua falecida mulher. Com o passar do tempo, os três vão desenvolvendo uma relação inusitada e muito estranha.

    É um filme sobre estranhamento e sobre relações. De certa forma, prega um tipo de amor livre, em que as pessoas possuem o direito de viver da forma que se sentem melhor, mas que ainda assim sobre obrigadas a lidar com forças externas - como a religião - que não aceitam aquele estado das coisas.

    A ideia é interessante e o filme é visualmente instigante, mas há muita mise-en-scène pra pouco roteiro. As cenas, as cores e os enquadramentos são bem pensados, mas há uma permanente ausência de conteúdo que incomoda o espectador. O filme passa uma ideia clara, mas não se preocupa em inseri-la numa narrativa que prenda a atenção do público.

    De certa forma, é uma experiência mais sensorial do que cinematográfica. Destaca-se o trabalho de direção de fotografia de Filipe Acácio, de direção de arte de Euzébio Zloccowick e da trilha sonora de Danilo Carvalho. Há elementos do suspense e do horror muito bem inseridos na produção, o que se deve basicamente a fotografia e trilha. O jogo de cores de Acácio também é bem pensado, oferecendo um passado colorido, um presente repleto de sombras e um futuro utópico de cores estouradas.

    A montagem de Ricardo Pretti, no entanto, é problemática. Mesmo contando com apenas 71 minutos de duração, o filme se arrasta por alguns momentos, não oferecendo uma experiência fluida.  

    Filme visto durante a cobertura do 5º Olhar de Cinema de Curitiba, em junho de 2016.

    Quer ver mais críticas?

    Comentários

    Back to Top