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    Belos Sonhos
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Belos Sonhos

    Família e fé

    por Lucas Salgado

    Um dos mais importantes diretores italianos da atualidade, Marco Bellocchio tem sua filmografia centrada basicamente em três temas: família, fé e política. Como estamos falando da Itália, os temas, na maioria das vezes, se misturam. Em Belos Sonhos, o diretor deixa um pouco a política de lado e centra sua atenção nos dramas familiares e na religiosidade.

    A trama gira em torno de Massimo, navegando entre as décadas de 60 e 90. Aos 9 anos, ele sofre com a perda da mãe, que morre de forma repentina e misteriosa. Buscando formas de apoiar o menino, seu pai o leva para a igreja. Mas o garoto não está disposto a aceitar a perda da mãe e o argumento do padre de que ela se encontra em um lugar melhor. 

    Na sequência, nos deparamos com Massimo já adulto, trabalhando como jornalista conceituado. Ele é obrigado a relembrar aquele momento de dor ao colocar o apartamento dos pais à venda e diante do fato de que o pai vive um novo relacionamento.

    Apesar de questionador no que diz respeito à fé, o filme foca sua atenção na história de vida deste garoto, na forma como uma perda pode interferir numa vida. Com momentos quase fantasioso, o longa celebra a figura da mãe, mesmo que ausente, ressaltando sua importância na formação de um filho.

    O "belos sonhos" do título se refere às últimas palavras daquela mãe para sua criança, uma demonstração singela, mas marcante de amor. Em contrapartida à figura materna, temos um pai frágil, abalado e sem saber o que fazer com o filho. Ele busca formas de se aproximar, como levá-lo a um jogo de futebol, mas nem isso gera a consequência que esperava.

    O longa tem um ritmo lento, prejudicado um pouco pela duração exagerada de 2h14. A montagem também apresenta alguns problemas, principalmente no que diz respeito a cortes bruscos. Ainda assim, consegue navegar bem entre os dois períodos de tempo e transmitir as consequências que um momento pode gerar lá na frente na vida de uma pessoa. Isso fica claro no fato do futebol e da mãe se tornarem importantes temas em sua vida jornalística.

    Fai Bei Sogni (no original) passa por momentos importantes da vida italiana, relembrando inclusive o desastre aéreo que vitimou todo o time do Torino e que até hoje é lembrado pelos fãs do clube.

    Com uma bela trilha sonora, o filme conta ainda com um grande elenco, com destaque para Valerio Mastandrea na pele de Massimo adulto. O ator parece um pouco inexpressivo, mas dá o tom exato que o personagem precisa. Barbara Ronchi surge como a figura misteriosa da mãe, enquanto que a bela Bérénice Bejo completa o elenco principal.

    Filme visto na 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro de 2016.

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