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    Peixonauta - O Filme
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Peixonauta - O Filme

    Borbulhas de ecologia

    por Taiani Mendes

    Um dos elogios mais corriqueiros às animações Disney/Pixar é o fato das produções serem interessantes para as crianças, o público-alvo, e também para os responsáveis que as levam aos cinemas, sempre contendo camadas mais profundas direcionadas exclusivamente aos adultos. Para os pimpolhos ainda pequenos, no entanto, às vezes tal ponto de equilíbrio mostra-se restritivo, permitindo-os apenas acompanhar as cores e movimentos, perdidos nas tramas elaboradas. Peixonauta – O Filme chega ao mercado para entreter exclusivamente tais pequerruchos, apostando em uma história simples que retrata amizade e consciência ambiental com muita música, colorido, interação e os conhecidos personagens da série exibida há quase dez anos no canal Discovery Kids.

    Dirigido por Célia CatundaKiko Mistrorigo (criadores do programa) e Rodrigo Eba!, Peixonauta - O Filme é promovido apresentando o 3D como uma grande novidade, mas não vale a pena se empolgar com isso. O uso da tecnologia é bem parco e, com exceção da abertura e de algumas bolinhas de sabão que acompanham as cenas submersas eventualmente, não faz nenhuma diferença, sendo sequer notado.

    Apesar do cartaz oficial do filme ser assustadoramente parecido com o do longa anterior, Peixonauta – Agente Secreto da O.S.T.R.A., a animação evoluiu bastante e a pegada aqui é outra, desconsiderando por completo o aspecto introdutório da animação de 2012 e jogando o espectador imediatamente na ação. Como o nome indica, e também sua inconfundível apresentação visual, Peixonauta é um peixinho astronauta e o começo da narrativa é dedicado a ressaltar sua eficiência como intrépido agente especial salvador do mundo. Os coadjuvantes, no entanto, não têm o mesmo “luxo” e quem não viu a série ou o primeiro filme levará um bom tempo até entender as ligações e parentescos.

    Para as criancinhas que vão se divertir com as aventuras do fofo protagonista, no entanto, certamente isso é detalhe. Assim como a edição um tanto quanto brusca, a economia de efeitos sonoros e falhas de roteiro como Peixonauta ter contato direto com o produto redutor e não diminuir drasticamente, vozes inalteradas pela alteração de tamanho, barbatanas intactas após incandescente reentrada atmosférica e um bebê sem origem incluído na trupe dos principais personagens.

    Enquanto pontos críticos como esses e a burrice extremamente irritante do macaco Zico testam a boa vontade do público mais maduro, os menos exigentes aprendem sobre lixo espacial e química e ainda são desafiados a interagir com a turma por meio de quebra da quarta parede – proposta mais bem-intencionada do que efetiva, que sugere batidas de pés não tão facilmente executadas numa sala escura de cinema quanto palmas, por exemplo.

    O suspense derradeiro dura além do necessário, sacrificando o ritmo da animação com drama descaradamente forçado, mas ao fim todos os públicos são recompensados por um feliz epílogo, divertido entretenimento que toma caminhos criativos ausentes no filme e faz pensar quão excelente Peixonauta poderia ter sido caso inteiramente feito à maneira do metalinguístico final.

    Com trilha sonora original muito boa e complementar à história composta por Paulo Tatit e Zezinho Mutarelli e metrópole inspirada em São Paulo, Peixonauta – O Filme é genuinamente infantil como as produções hollywoodianas já não sabem (ou querem) ser, mas seria melhor sem exigir tanta condescendência dos maiores.

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