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    Insubstituível
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Insubstituível

    Toca “Hallelujah”

    por Renato Hermsdorff

    Conhecido do grande público no Brasil como o carrancudo Philippe de Intocáveis (2011), em Insubstituível François Cluzet assume o papel de Jean-Pierre, uma espécie de médico de família de uma região rural da França, que é diagnosticado com um tumor maligno. Profissional dedicado, atencioso com a população local, ele vê seu emprego – e sua posição de respeito no vilarejo – ameaçado quando a recém-formada Natalie (Marianne Denicourt) é deslocada para trabalhar ao seu lado.

    Convenhamos: Você já viu esse filme. Ele se ressente da presença dela e começa a boicotá-la; ela sente a pressão imposta por ele e aceita o desafio. O primeiro terço do filme de Thomas Lilti (de Hipócrates, outro drama de fundo... hospitalar – o diretor também é médico), que dá conta de apresentar os personagens, é de uma previsibilidade bocejante.

    O antídoto, por outro lado, está nas entrelinhas. À medida que os dois são “forçados” ao convívio, desenvolvem uma relação tão convincente quanto tocante, fruto, em grande parte, do bom trabalho de atuação da dupla (ele, inclusive, indicado ao César, o Oscar do cinema francês, de melhor ator).

     

    O grande mérito da produção é evitar o gosto amargo do dramalhão apelativo, sendo construída em cima de nuances que remediam a sensação de déjà-vu causada pelo argumento central. Ponto para o texto (e, principalmente, os diálogos) assinado pelo cineasta, em conjunto com o parceiro de trabalho Baya Kasmi.

    Falta ousadia a Médecin De Campagne (no original). Na forma, o longa é um melodrama convencional (o diretor treme a câmera nos momentos de tensão; as emoções são constantemente sublinhadas pela trilha sonora - toca até “Hallelujah”, de Leonard Cohen, que se tronou o clássico do clichê para embalar o filme-emotivo); no conteúdo, a produção tem potencial para emocionar o espectador exatamente por fugir do lugar-comum lacrimoso do gênero. Uma representação naturalista da situação, que deve provocar empatia no público.

    No saldo, trata-se de um típico “filme francês”, que na hipótese de ser refilmado por Hollywood, provavelmente oporia um homem debilitado desesperado por ajuda e uma megera sem escrúpulos sedenta por poder. Felizmente, aqui, o buraco é mais em cima. Mais especificamente, na Europa.

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