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    Invasão de Privacidade
    Críticas AdoroCinema
    1,0
    Muito ruim
    Invasão de Privacidade

    A vitória do olho por olho, dente por dente

    por Renato Hermsdorff

    O que pode ser mais banal do que um filme de ação com Pierce Brosnan fazendo justiça com as próprias mãos, no estilo "James Bond"; com um vilão caricato, de motivação quase infantil; ou uma pretensiosa mensagem de “denúncia” de que não existe família perfeita e os detentores do capital não estão acima da lei? Resposta: um filme de ação com Pierce Brosnan fazendo justiça com as próprias mãos, no estilo "James Bond"; com um vilão caricato, de motivação quase infantil; e uma pretensiosa mensagem de “denúncia” de que não existe família perfeita e os detentores do capital não estão acima da lei. Resumindo: este Invasão de Privacidade.

    No longa de John Moore (Max Payne), Brosnan vive Mike Ryan, um bem-sucedido empresário do ramo da aviação, que pretende abrir o capital de sua empresa. Depois que o vídeo de apresentação do projeto dá pau, ele é salvo pelo “cara do T.I.” (James Frecheville, de Amor Sem Pecado), a quem chama para fazer alguns trabalhos em sua própria mansão. Porém, depois de se engraçar pela filha do patrão, o funcionário é “enquadrado” pelo empresário. E, magoado, planeja uma vingança sem precedentes contra o todo-poderoso. Que vai revidar. Ah, se vai...

    Enquanto Brosnan atua no piloto automático, Frecheville (com um cabelinho de Crispin Glover em As Panteras) encarna a linha “psicopata americano” da maneira mais caricata possível, fazendo caras e bocas que resultariam num registro cômico, não fosse (para ser) trágico. Fica até difícil entender se o problema está nas atuações, em si, ou na concepção dos personagens, fruto de um roteiro risível. (A cena em que ele chora depois do “fora” do homem de negócios, por exemplo, pode ser o clipe do Framboesa de Ouro).

    Porém, mais do que abusar dos clichês, trata-se de uma produção nociva. Noves fora a objetificação da mulher – na maneira como Moore vende, ou melhor, filma, o corpo de Stefanie Scott (Jem e as Hologramas), que vive a filha –, não importa que a natureza dos negócios de Mike Ryan seja questionável do ponto de vista legal; o empresário só não pode ter suas duvidosas transações – mesmo em se tratando de figura pública – vazadas por um mero subalterno.

    Ao legitimar o comportamento individualista de vingança do protagonista, o longa não só contradiz a suposta tese “denunciada” de que os poderosos não estão acima da lei, como ensina que a técnica do olho por olho, dente por dente, funciona, sim. E I.T. (no original, sigla que serve como Tecnologia da informação, ou o profissional de T.I., aquele que conserta computadores) descamba para uma espécie de faroeste tecnológico datado. Ou não. Afinal, com o alto índice de norte-americanos declarando voto no conservador Donald Trump, é bem possível que Invasão de Privacidade encontre ouvidos em um amplo público.

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    Comentários

    • Ricardo Fortes
      Eu não sou dos mais exigentes com relação a cinema e se eu digo que um filme é ruim, então passe longe e esse filme é tão ruim que eu parei de assistir aos 20 minutos de tanta vergonha alheia.
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