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    Boa Noite, Mamãe
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Boa Noite, Mamãe

    De roer as unhas (e comer os dedos)

    por Renato Hermsdorff

    Há pelo menos dois subgêneros embutidos dentro deste Boa Noite, Mamãe. Se funcionam ou não, vai depender da percepção do espectador. Isso porque, desde o início do filme, está implícito que haverá uma “revelação” em algum momento. Matar a charada (um tanto óbvia, para dizer a verdade) logo de cara não invalida, mas prejudica a experiência; passar despercebido por ela, por outro lado, é vivenciar plenamente umas das sensações mais aterrorizantes provocada pelo cinema contemporâneo.

    O filme dos austríacos Veronika Franz e Severin Fiala (que tem papado uma série de prêmios pelo mundo desde que foi lançado em 2014) acompanha o retorno de uma mãe (Susanne Wuest) para casa após uma cirurgia e, irreconhecível (tanto fisicamente quanto no temperamento), desperta a desconfiança dos filhos gêmeos Lukas (Lukas Schwarz) e Elias (Elias Schwarz). As crianças, de nove anos, duvidam que se trate de sua verdadeira progenitora.

    Quem é essa mulher? O que aconteceu com ela? Por que ela não age como antigamente? Não há uma figura paterna? São perguntas que a narrativa induz a audiência a se perguntar na primeira metade do filme, ancorada em uma ótima caracterização da personagem da mãe (uma múmia “possível”) e no cenário isolado da bela casa (plantada no meio de uma floresta) – e, embora um tanto repetitivo nesse momento inicial, a produção entrega as respostas. A mise en scène dá conta de construir um bem-sucedido clima de suspense psicológico. É de roer as unhas.

    A grande sacada acontece quando os meninos decidem inquerir a mãe, de fato, a respeito da própria identidade (dela). Sem pudor (e sem spoiler), os realizadores mandam às favas a premissa comumente assumida como sacra da relação mãe e filho(s) - e de crianças como seres intocáveis - e o terror é convocado para assumir Ich seh, Ich seh (no original) como gênero, do meio para o final do filme. É de comer os dedos.

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    Comentários

    • Anne C.
      Incrível! E terrível também... Diferente dos filmes americanos, o cinema europeu vem com um estilo mais intenso, com menos recursos. Na verdade não sei explicar bem.Tenho uma dúvida: (SPOILER)De cara, desde a cena do suco, ficou claro pra mim que Lukas só existia na cabeça de Elias. Na minha interpretação, a moça da foto era a irmã gêmea da mãe, e isso justificaria a frieza em todas as vezes que Elias se referia a Lukas (pra mim ficou bem claro que nenhuma mãe que tivesse perdido um filho agiria com aquele desprezo).Enfim, entendi que a mãe morreu no mesmo acidente do Elias, e para Elias não encarar de uma vez a morte da mãe e do irmão, a tia surgiu pra amenizar a vida do sobrinho. Faz sentido pra mais alguém?
    • Julio Borges
      Resolvi dar uma chance apesar dos comentários serem ruins..ADIVINHEM? me arrependi a morte! Estou aqui a pensar como recuperar este tempo da minha vida...Pensem em um filme... (não encontro palavra que descreva o quão desprezível) é...sugiro que assistam até o final (assim terão noção do sentimento que estou tendo agora logo após de assistir o mesmo). Sério deveria estar na DEEP WEB, deveria ser proibido de tãooooooooooooo ruim.
    • Nosdel Cromo Di Sada
      O filme se passa na perspectiva do guri, que é esquizofrênico... a mãe não é vilã, o irmão morreu... provavelmente num incêndio na casa causado pelo moleque...
    • Nei
      Alguém entende as baratas entrando na boca e depois dentro da barriga?
    • James
      Esse é um daqueles filmes em que você presta atenção em cada detalhe mas quando chega o final você fala:-Que porra que eu assisti?
    • Lílian
      E depois mata ela !! Eno final aparece os 3 juntos o lucas num é fantasma morreu no acidente não entendi foi nada nesse filme kkk
    • Luciana Ferreira
      O filme tem enredo sim, talvez voce nao tenha entendido, pois é sutil
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