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    O Matador
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    O Matador

    Excesso de personagens (e de tramas) prejudica empatia do primeiro longa brasileiro com o selo Netflix

    por Renato Hermsdorff

    Cercado de expectativas, o primeiro longa brasileiro de ficção produzido pela Netflix poderia também ser a segunda série original do tipo da plataforma no país (depois de 3%). Baseado na história criada pelo roteirista e diretor Marcelo Galvão (Colegas), O Matador traz um sem número de subtramas e, principalmente, de personagens, aos quais fica difícil se apegar neste faroeste do sertão.

    Há um protagonista (ou quatro), que virá a ser conhecido como Cabeleira (o ator português Diogo Morgado, num registro esquisitíssimo). Abandonado à sorte árida do mondo cane do sertão ainda quando bebê, ele é adotado, de forma meio torta, por aquele que sustenta a fama de "o matador dos matadores", Sete Orelhas (Deto Montenegro).

    Depois que o pai some, o moço, praticamente um selvagem, parte em busca do paradeiro dele, e vai dar nas terras do todo-poderoso Monsieur Blanchard (Etienne Chicot), um francês carregado nas cores, o que destoa do tom, que assume o clichê do coronelismo. E Cabeleira acaba trabalhando para o vilão.

    Esse, no entanto, é um resumo muito em linhas gerais, porque para dar conta de contar o caráter rocambolesco da trama seria algo que exigiria muito da paciência de quem aqui lê. Para se ter uma ideia, o longa já se apresenta com uma peculiaridade: não apenas um, mas dois créditos de abertura - com alguns nomes, inclusive, repetidos.

    O primeiro, mais demorado, expõe a platéia a uma quantidade de atores (não deu para contar, mas chutaria mais de 20, entre eles Maria de Medeiros, subaproveitada; Igor Cotrim, um gay caricato, apesar do sadismo; e Daniela Galli, a melhor da turma), que suscita uma pergunta irresistível: como é possível dar espaço a tantos papéis? E a resposta que o filme mesmo dá é: não é possível. Sem poupar o espectador do ambiente violento, personagens vêm e vão (morrem mesmo) de um jeito que faria corar até os produtores de Game of Thrones (anunciada como uma das "estrelas", por exemplo, Thaila Ayala tem duas ou três cenas; creditada, Mel Lisboa não dura nem 10 segundos de tela).

    Quando Sete Orelhas é apresentado como "o matador dos matadores", a reação imediata é "uau!". Até que se descobre que há um segundo "matador de matadores", um terceiro... e, assim, a obra advoga contra si própria. Por que, afinal, acreditar? O excesso de personagens (e de tramas) prejudica (e muito) a possibilidade de empatia nesse primeiro longa brasileiro com o selo Netflix.

    A opção pelo "tiro pra todo lado" leva à impressão de que se trata de uma obra retalhada. Embora seja possível notar um componente de segurança a respeito de onde Marcelo Galvão quer chegar (e, mérito, ele chega), o fio condutor é confuso, que só. Ironicamente, quando o eixo muda da história do Cabeleira para a do oficial da lei Quatro Olhos (papel de Marat Descartes) - e depois para a do sertanejo "Tenente" vivido por Paulo Gorgulho -, alguém pergunta, em cena: ", mas e a história do cabeleira?"

    Alguém, no caso, é um dos interlocutores que ouve a(s) história(s) de um "contador de causos" - sim, o filme (também) usa de um narrador, presente, no que desemboca para uma quarta (!) linha narrativa.

    Tecnicamente, há um claro esforço, positivo, por parte de Galvão, de fugir do lugar comum, usando de planos filmados de cima para baixo ou investindo no contraluz da paisagem. Porém, o que é projetado soa às vezes inacabado, especificamente nas cenas de efeitos inseridas na pós-produção. Não foi dessa vez.

    Filme visto no 45º Festival de Gramado, em agosto de 2017.

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    Comentários

    • Jarinha Morningstar
      Graças a Jah, vejo que maioria dos comentários são contrários a esta crítica. Eu assisti ao filme hoje e adorei. Um ótimo plot twist, não achei o enredo previsível, ótimo elenco, enfim, muito bom. ASSISTAM!!
    • Alberto Victoreti
      Filme excelente, a historia por si no começo ja tinha cheiro de que apareceria alguma criança e que o contador de historia se revelaria no que foi. O critico deve ter visto outro filme, porque muito boa fotografia, e concordo que o titulo deveria ser Matadores mesmo como foi dito abaixo.
    • Jehad Buria
      Imagino esse cara lendo cem anos de solidão, ele pararia na primeira página, perdido nos Buendia
    • Jehad Buria
      Assisti e achei o filme muito bom. Só há excesso de personagens para quem não presta atenção no filme e não consegue acompanhar o enredo corrido. Matar personagens é uma coisa óbvia, exceto para quem não viu o título do filme. Essa crítica é preguiçosa e o crítico já joga a culpa disso no leitor (Esse, no entanto, é um resumo muito em linhas gerais, porque para dar conta de contar o caráter rocambolesco da trama seria algo que exigiria muito da paciência de quem aqui lê...). Ainda bem que assisti antes de ler essa porcaria de crítica, senão teria deixado de ver um bom filme.
    • Caiene Louback
      Otimo filme e péssimos críticos.
    • Dorival R. Teixeira
      Renato: sua crítica é viralatista e lambecu.
    • Dorival R. Teixeira
      Melhor crítica da crítica. Parabéns!
    • joao pedro
      Tenho por principio não ver filmes brasileiros, por serem realmente ruins, à exceção de pouquíssimos que fogem à regra. Porém, vi esse e realmente me surpreendeu. Boa história, personagens caricatos, mas interessantes. é tipo um faroeste nordestino feito por Tarantino. Não lembra nada esses filmes bostas feitos pela Globo. 5 estrelas
    • Luís Felipe Silva
      Com certeza!!! crítica ridícula do caralho, chupa bola de gringo quem escreveu esse texto. O filme é sensacional
    • Luís Felipe Silva
      que bosta de critica, o filme é excelente e envolvente!! paga pau de gringo
    • Bosco
      Cara, venho aqui ver valores filosóficos do filme que me intrigou, como os Jesus(2), as joias orelhas, usadas tb em O Xango de back Street, o numeral 7 muito simbólico, e a maior pergunta que o filme tenta responder quem somos nos?. A historia é bem contada, só vi uma vez, e vou ver novamente. Quero entender tudo, principalmente as questões políticas
    • Rafael Campos
      Entrou no Hall dos melhores filmes brasileiros de ação...Tropa de Elite 1 e 22 CoelhosMatadorQuem escreve saporra não entende nada!
    • André
      Quem que escreveu essa crítica mds, o filme é muito bom, melhor que muitos filmes americanos, na boa muito bom mesmo. 10 estrela nesse filme. Brasil deveria fazer mais filme desse jeito muito boa a história a reviravolta do filme... muito bom mesmo o filme.
    • Darth V
      Filme bom ⭐⭐⭐⭐⭐
    • marcio waluce
      mano, vc nao viu o filme todo?o narrador faz parte da propria trama! não vejo outra forma de contar a historia, aliás, o narrador-personagem nunca se encaixou tão bem quanto nesse filme, impecavel, digno de oscar!
    • marcio waluce
      fui lá procurar e a critica foi 4.0 kkk
    • marcio waluce
      haha e quem acredida hoje em dia nos famosos especialistas? eu sempre procuro o filme pela critica média dos leitores, filmes de 3.9 acima eu assisto!
    • marcio waluce
      O excesso de personagens (e de tramas) prejudica (e muito) a possibilidade de empatia nesse primeiro longa brasileiro com o selo Netflix. ???vai assistir caverna do dragão amigo, lá não tem tantos personagensO Filme é ótimo, assistir com o pé atras por causa da critica, achei que seria um filme dificil de entender, mas é muito pelo contrário, o filme te envolve do inicio ao fim!há dois personagens principais, o contador de historias e o personagem da história (o matador)
    • Max Motta
      O excesso de tramas faz o filme perder um pouco do fôlego da metade pro final, mas a transformação do cangaço em faroeste rendeu um ótimo filme.
    • Jorge R.
      bom filme, uma história digna de cangaço com belas imagens cenário de um certo investimento da ficção não sei o valor desse filme mas pelas riquezas de cenas e figurinos acho que não foi barato.. sobre o critico: em um pais onde nada é levado a sério, esse critico também ninguém ira leva-lo a sério não é mesmo!..(eu até noto que o diretor o sr, Marcelo Galvão faz uma critica construtiva quando um dos bandidos que ouve a história narrada pelo o ultimo matador onde esse bandido pergunta: e o cabeleira não entra mais na história? e ele responde: calma que ele voltará sim! á unica observação que eu faria era mudar o tema de o matador para os matadores começando com o sete orelhas, depois o tenente, o gringo e próprio cabeleira e por ultimo o contador de histórias que na verdade também é um matador profissional e o ultimo ainda vivo da saga dos grandes matadores ( filme excelente!
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