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    O Oficial e o Espião
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    3,9
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    João Carlos Correia
    João Carlos Correia

    17 seguidores 60 críticas Seguir usuário

    5,0
    Enviada em 11 de março de 2020
    Alfred Dreyfus (Louis Garrel, de Adoráveis Mulheres) é capitão do exército francês e um dos poucos judeus alistados. No final de 1894, é acusado de alta traição por ter fornecido informações secretas para a Alemanha, condenado à prisão perpétua, exílio na colônia penal da Ilha do Diabo e expulso das forças armadas em uma cerimônia humilhante.

    O recém-promovido e nomeado chefe do serviço de inteligência do exército, Coronel Georges Picquart (Jean Dujardin, de O Lobo de Wall Street), durante uma investigação de um outro caso de traição, descobre provas que mostram que o Capitão Dreyfus é inocente e inicia sua luta para inocentar o colega oficial. Obtém o apoio e ajuda do grande escritor Émile Zola (André Marcon, de O Melhor Está por Vir), que publica uma carta aberta em um jornal ao presidente da França na qual afirma a inocência de Dreyfus e acusa o alto escalão do exército de serem os verdadeiros responsáveis. A carta tem o título de “J’ Accuse” (“Eu Acuso”).

    O final do século XIX é turbulento para França com um amontoado de acontecimentos tais como a derrota na Guerra Franco-Prussiana, a Comuna de Paris, a ascensão da Terceira República, o escândalo de corrupção na construção do Canal do Panamá e conflito de separação entre Estado e Igreja, que levaram o país ao caos político e social. O “Affaire Dreyfus” (“Caso Dreyfus”, em francês), serviu tanto como válvula de escape quanto como desculpa para os problemas que ocorriam – a famosa e manjada “conspiração judaica” junto com a “invasão de estrangeiros” que “deturpavam a cultura, a moral e os bons costumes”.

    Mais de 120 anos depois, o “Affaire Dreyfus” continua a ser um assunto quente na França. É um daqueles episódios que uma nação acaba por sentir vergonha de si mesma, pois, além de ser um exemplo de injustiça, com erros jurídicos grosseiros, também mostra o antissemitismo e a xenofobia, dois problemas que, em século XXI, persistem em permanecer entre nós, particularmente na Europa onde, devido a volta de partidos e/ou movimentos de extrema-direita, episódios preconceituosos, principalmente contra imigrantes, refugiados e outras minorias ocorrem com frequência cada vez maior.

    Embora a história seja verdadeira, a principal fonte de O Oficial e O Espião é o romance homônimo do escritor britânico Robert Harris, que também foi o autor do roteiro junto com o diretor do filme, o cineasta franco-polonês Roman Polanski (A Pele de Vênus). Ambos já haviam trabalhado juntos no filme O Escritor Fantasma (2010), outra adaptação de uma obra de Harris. Antes disso, quando conheceram um ao outro, o escritor sugeriu a Polanski adaptar outro romance seu, Pompéia, obra inspirada, segundo o próprio Harris, no clássico Chinatown (1974). Embora o diretor tenha interessado-se, o projeto não avançou.

    Em O Oficial e O Espião, Polanski, já com 86 anos de idade, mostra estar em plena forma. Seu trabalho na direção é seguro, preciso, pondo as doses certas de emoções sem apelar para o drama barato. O filme é uma denúncia contra o racismo, antissemitismo e xenofobia, mas também é um thriller político, policial além de filme de tribunal. É uma verdadeira salada, mas Polanski faz a película fluir tão bem na tela que essa mistura acaba por ser perfeitamente harmoniosa.

    A mão de Roman Polanski também pode ser vista na direção do elenco. Jean Dujardin, após sua consagração no Oscar e no Festival de Cannes com a conquista dos prêmios de Melhor Ator com o filme O Artista (2011), tem outra performance digna de premiação. Com atuação discreta, mas moderna e impactante, Dujardin transforma Georges Picquart no tipo de herói que deve-se aplaudir: com coragem – sem ser um Brucutu truculento - e consciência de dever e justiça. Ele não superpoderes como os super-heróis da Marvel e da DC. O seu poder reside no seu alto senso de moral e de busca pela verdade. Mesmo o caso que tem com uma mulher casada, que, para alguns, pode ser algo reprovável, é mostrado mais como uma imperfeição de um ser humano (imperfeição essa a qual todos estamos sujeitos) do que de um herói.

    Louis Garrel aparece pouco em O Oficial e O Espião, mas quando aparece, sua performance dá tamanha dignidade ao personagem que interpreta, o Capitão Alfred Dreyfus, (como, por exemplo, na cena da humilhante expulsão do oficial), a ponto de sentirmos sua presença nas partes em que não aparece. Aliás, para mim, uma pequena falha de O Oficial e O Espião, é justamente essas poucas vezes que Garrel aparece, embora o personagem principal seja Picquart e não Dreyfus.

    A esposa de Polanski, a atriz e cantora Emmanuelle Seigner (No Portal da Eternidade), interpreta Pauline Monnier, a mulher casada que tem um caso de Georges Picquart. Aos 53 anos, Emmanuelle continua muito bonita e uma atriz cada vez mais segura. Embora sua personagem não tenha grande interferência no “Caso Dreyfus”, ela mostra ser não apenas o interesse amoroso do herói, mas igualmente uma mulher de personalidade independente, à frente de seu tempo.

    O Oficial e o Espião vem colecionando prêmios desde a sua prèmiére, em 2019. No Festival de Veneza, conquistou o Grande Prêmio do Júri, além do Prêmio FIPRESCI para Polanski e o prêmio de Melhor Filme de Língua Estrangeira. Já no Prêmio César (versão francesa do Oscar) deste ano, foi indicado a 12 prêmios, tendo conquistado os de Melhor Figurino, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Diretor para Polanski.

    Embora O Oficial e O Espião seja um campeão de bilheteria na França, à frente de arrasa-quarteirões como Frozen II e Star Wars: A Ascensão Skywalker, as polêmicas insistem em acompanhar Roman Polanski devido ao já mais do que conhecido escândalo das relações sexuais que teve com uma menina de 13 anos até a mais recente, um suposto caso de estupro que teria ocorrido em 1975. As manifestações das feministas desde a estreia do filme são constantes.

    Por tudo isso, Polanski está a tornar-se um recluso, raramente aparece em público, tanto que não foi receber os prêmios que conquistou em Veneza e Paris. Emmanuelle Seigner foi em seu lugar. Em Veneza, ela comentou as polêmicas que envolvem seu marido e sua relação com O Oficial e O Espião:

    “Para mim é difícil falar pelo Roman. O que posso dizer é que o sentimento de perseguição patente no filme é algo que ele conhece bem. Basta olhar para a sua vida”.

    Com ou sem polêmicas de Roman Polanski, O Oficial e O Espião é um filme que chega em um momento oportuno. Na era das trevas em que vivemos atualmente em nosso país tendo como mandatário um demente à frente de uma equipe de governo formada por verdadeiros lunáticos com um “guru” que não passa de um astrólogo boca-suja, as mensagens que o filme transmite de anti-racismo, anti-preconceito, a busca pela verdade e uma justiça que faça jus ao nome, são mais do que necessárias. São cruciais.
    Rodrigo A.
    Rodrigo A.

    6 seguidores 2 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 28 de agosto de 2020
    Um ótimo filme do polêmico Polanski.

    Retrato de como muitas vezes os erros têm pesos diferentes, as consequências dependem de quem o comete.

    O oficial e o espião (ou no título original, J'accuse), nos traz a história real de um homem injustamente acusado com um tempero de antissemitismo em cima disso tudo.
    Alfred Dreyfus (Louis Garrel), de origem judaica, é um capitão da artilharia do exército francês, que em 1894, durante a Terceira República Francesa, é acusado de entregar documentos secretos aos alemães, ao ser condenado à prisão perpétua por traição é também deportado para Ilha do Diabo. Em 1896, o coronel Georges Picquart (Jean Dujardin) observa certas incoerências no caso, começa então uma luta para mostrar o verdadeiro culpado e trazer os fatos que mostram as fragilidades das provas contra Dreyfus, a partir daí, a perseguição cai no próprio Picquart, que chega a ser preso, em uma de suas saídas têm contato com intelectuais, representantes da mídia e escritores, entre eles Émilie Zola (André Marcon), que em 1898 neste encontro, toma maior conhecimento no caso Dreyfus e publica artigos em jornais e revistas, o mais famoso deles, J'accuse (Acuso), com o subtítulo Carta a Félix Faure, Presidente da República, publicado no jornal literário L'Aurore, leva à revisão do processo que termina anos depois da morte de Zola, onde em 1906, ocorre a reabilitação oficial de Alfred Dreyfus.
    Apesar do papel importantíssimo de Zola nesta história, o roteiro procura mais protagonismo ao Dreyfus isolado assim como toda a injustiça que o rodeia, mas principalmente dá destaque ao general Picquart, que tem explorado diversas camadas, desde o seu caso romântico até a sua luta pela verdade, seja o preço que isso possa custar.
    A atuação de Jean Dujardin também merece destaque, consegue passar um Picquart preocupado e ao mesmo tempo, sem nenhum tipo de relação com Dreyfus, o que revela ainda mais a sua inspiração.
    A fotografia está linda, traz um clima seco e frio ao filme que encaixa perfeitamente e ajuda a dar tensão à trama.
    O oficial e o espião é uma obra que consegue contar uma história que interessantemente ainda conversa muito com a realidade em que vivemos.
    Se Polanski não fosse Polanski, com toda certeza este filme estaria no Oscar.
    Alan David
    Alan David

    15.978 seguidores 685 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 1 de março de 2020
    As reações confrontadas que produz o texto de Zola também põem em evidência e mais uma vez a luta pela verdade, ocultada deliberadamente, e que é central em O Oficial e o Espião. Por tudo o antes enumerado, muito bom filme.

    Para ler a crítica completa, link a seguir: http://www.parsageeks.com.br/2020/03/critica-cinema-o-oficial-e-o-espiao.html
    @cinemacrica
    @cinemacrica

    15 seguidores 107 críticas Seguir usuário

    3,0
    Enviada em 15 de março de 2020
    É uma obra que retrata com fidedignidade técnica momentos anteriores à eclosão da segunda guerra e traz a reflexão sobre o talento humano em ser preconceituoso. Se tiver paciências com algumas redundâncias narrativas, pode ser uma experiência válida.

    Caso interesse, deixei o texto completo no perfil @cinemacrica no Instagram.
    Danilo R.
    Danilo R.

    4 seguidores 17 críticas Seguir usuário

    3,5
    Enviada em 2 de abril de 2021
    Um filme um pouco lento, mais com ótimas fotografias e bons figurinos. Retrata a questão da xenofobia, filme bastante polêmico e baseado em fatos reais. Bela construção de Polanski.
    Fabrizio Roger Vigni
    Fabrizio Roger Vigni

    5 seguidores 61 críticas Seguir usuário

    4,5
    Enviada em 19 de maio de 2020
    Em algum casos a direção pode elevar filmes bons para outros patamares, fazendo toda a diferença.
    "O oficial e o espião" é o mais recente trabalho de Roman Polanski. Conta a história (real) do judeu Alfred Dreyfus, capitão do exército francês, que no final do século XIX é acusado de espionagem e recluso em uma ilha longe de tudo e de todos. O coronel Picquart, recém nomeado chefe da inteligência francesa começa a investigar o caso, crente da inocência do judeu e, deixando de lado seus sentimentos anti-semita, inicia uma luta pela justiça que o leva a enfrentar os figurões do alto escalão do exército e do governo francês.
    Picquart se torna assim o herói símbolo de integridade, um personagem pelo qual o espectador vai torcer naturalmente, um "Davi lutando contra tantos Golias".
    A história segue um roteiro que faz uso de flashbacks e onde os detalhes minuciosos contribuem a tornar a trama mais complexa e interessante, demandando plena atenção do espectador. A reconstrução da Paris da época é outro elemento de destaque do filme, assim como o figurino e a atuação de Jean Dujardin (o coronel Picquart), de Louis Garrel (Dreyfus) e Emmanuelle Seigner (sempre linda), uma das favoritas de Polanski.
    Se cinema de qualidade e filmes históricos são a sua praia, você não pode deixar de assistir ao "Oficial e o espião", produção ítalo-francesa de primeiríssima categoria.
    Ótimo!
    lrgb
    lrgb

    8 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 14 de março de 2020
    Muito bem feito em termos de figurino e cenários. Ótimo filme no estilo europeu. Meio lento para quem não está acostumado com os padrões europeus de dramas. Muito bem construído pelo diretor.
    Geraldo C.
    Geraldo C.

    4 críticas Seguir usuário

    3,5
    Enviada em 18 de maio de 2020
    Ótimo filme. Revela a sordidez e a mesquinhez da xenofobia, daqueles que se julgam superiores. Nos faz ver e sentir o sofrimento daqueles que são atingidos por estes sentimentos que só causam repulsa.
    anônimo
    Um visitante
    3,5
    Enviada em 25 de junho de 2021
    Filme bem paranoico típica criação de Polanski.Além de ter boas categorias técnicas,destacando Figurino e Fotografia,o contexto vai ganhando níveis conflituosos durante a jornada.

    Louis Garrel em sua melhor apresentação.Jean Dujardin volta a chamar atenção em um personagem altamente trabalhado.O filme apresenta bons momentos a partir de seus personagens também.
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