Maravilhoso Boccaccio: Críticas

Um filme que podemos classificar como sendo de arte pura. Inspirados na obra Decameron, de Boccaccio, os irmãos Paolo e Vittorio Taviani nos presenteiam com imagens belíssimas, atores idem, mas com cinco histórias irregulares. A primeira é sombria, mas bonita; a segunda, hilariante; a terceira, de um amor trágico; a quarta e uma das melhores, na minha opinião, é a que se passa numa abadia, porque contém doses de amor, erotismo e ironia; e a quinta e também muito boa mostra do que um amor é capaz. Linda fotografia, mas o final da comunidade que se formou fica um tanto aberto. Mesmo assim, a qualidade desse filme é superior à de muitas produções atuais.

A transposição da obra de Boccaccio para o Cinema não é novidade. Mas este "Maravilhoso Boccaccio", dos irmãos Taviani proporciona uma releitura, reaproximação das picarescas crônicas dos anos 1300, na Itália rural, não unificada, claro, como Estado, onde o tema do amor, sexo e outras facetas da sociedade campestre se explicita de forma alegre, mesmo diante de um drama como o da peste que fustiga as pessoas, encontra espaço para revelar o espírito do povo amante da boa história, da comédia, do riso fácil. A obra literária magistralmente transposta para outra linguagem, visual, como o cinema, guarda contudo, a essência do texto, o que se não prova, demonstra que um ótimo livro pode resultar em um excelente filme.

Os Dez Mandamentos da TV Itália. Para quem não sabe, a novela do Edir Macedo virou um filme de duas horas que passou nos cinemas e que cobrava dos fiéis uns 50 reais por entrada (um dos porteiros aqui do prédio que confirmou). Esse Maravilhoso Boccaccio fala sobre alguns contos do autor italiano do século 14, e estrutura sua narrativa em torno dessas novelinhas que parecem aqueles textos de literatura juvenil que lemos quando estamos no primeiro estágio da escola.