A premissa de um julgamento é a busca pelo o quê é justo. Partindo desse ponto, é necessário que as partes conflitantes tenham a sua disposição a igualdade e o respeito as normas da lei garantindo-lhes a imparcialidade do júri na tomada de decisão. O que vimos em "Deus não está morto" indaga aos telespectadores menos fanáticos da religião cristã, justamente a imparcialidade do autor ao desenvolver o tema.
A história que apesar de retratar um embate aos moldes de um julgamento da suprema corte, é ambientada em uma universidade onde o jovem Josh têm suas aulas de filosofia ministradas pelo professor Jeffrey, e aí está nossos dois personagens centrais. Ora, você não achou que era Deus não é mesmo? Até porquê não haveria lógica um filme que discutisse a existência de Deus ter ele como um personagem físico. E aqui é necessário usar a interpretação de texto, e compreender que ele não está presente como personagem físico, logicamente o filme perderia o seu ponto de discussão central, entretanto, Deus está presente o tempo todo como ideia, força, fé ou o sobrenatural.
No enredo dirigido por Harold Cronk, o jovem estudante Josh ver sua fé colocada em xeque ao ingressar na faculdade, logo de cara o filme joga para o público a possível perseguição religiosa que o cristão sofrerá em sua vida acadêmica, a câmera foca na cruz estampada na camisa de Josh enquanto o rapaz que faz uma espécie de cadastro do jovem a observa e o orienta a trocar de professor. O professor em questão é o ateu Jeffrey, que ministra as aulas de filosofia. Em sua primeira aula o professor após uma breve introdução sobre suas dúvidas quanto a Deus, sem cerimônias pede para quê seus alunos escrevam em um papel “Deus não existe”. Algo que nem Froid explica, ora, a fé e a crença é parte da filosofia de vida de cada um, estranho essa incoerência filosófica partir de alguém que é mestre em filosofia. Dá-lhe se alí o embate central, Josh se recusa a tal ato, e o professor lhe propõe um debate nas aulas decorrentes do curso, Josh aceita, e exige os colegas de classe como o júri. Daí o filme se desenrola e enrola.
Com uma adaptação interessante, filmagens bem dirigidas, e atores com interpretações suaves e sem emoções, o filme segue a linha High School gospel sem Músic, claramente endereçada ao público jovem cristão, o filme é raso e parcial. Colocando o Josh como um rapaz honroso e doce, enquanto os outros personagens desabonam em alguma moral. A ideologia política conservadora é abordada de forma sutil o suficiente para caracterizar a repórter de esquerda que aborda de forma maquiavélica o casal patriótico conservador americano que caça animais e faz orações de agradecimento, nesse ponto é de se considerar a inteligência do autor ao passar a mensagem do casal good vibes enquanto a repórter “esquerdista” atenta contra os bons cristãos.
Em resumo, o filme é ideológico conservador americano, se preocupa muito mais com o marketing da perseguição da fé cristã, forçando situações desgastante e fora do comum no contexto atual da nossa realidade civil religiosa, levando o público a visões preconceituosas de outras religiões, sem entregar de forma honesta o debate principal abordado. Certamente é desnecessário tamanha manipulação, sabendo que o quê o público buscava era exatamente contrapontos fortes que instigassem sua cede na busca pela a razão. Afinal, Deus existe? Pessoalmente tenho certeza que sim, não como é amplamente disseminado. Um ser inexplicável, dotado de bondades, sem definições, ninguém explica Deus. Porém, se ele assistiu esse filme, provavelmente ficou constrangido, e arrisco dizer que no final ainda usou a expressão jovial “Morri”.