Walesa: Crítica AdoroCinema

Um dos grandes nomes do cinema europeu, com prêmios em Cannes, Berlim e Veneza, além de um Oscar honorário, Andrzej Wajda sempre se mostrou muito preocupado com a cena social e trabalhista da Polônia, em especial aquela dos anos 80. Walesa chega para concluir justamente uma trilogia sobre os movimentos sindicais do país, que contou anteriormente com O Homem de Mármore (1977) e O Homem de Ferro (1981).

O novo longa, como o próprio nome deixa claro, conta a história de Lech Walesa e tem como principal mérito o fato de conseguir condensar quase 20 anos de vida pública em pouco mais de duas horas. O filme mostra sua ascensão de funcionário de um estaleiro à líder sindical, responsável diretamente pela fundação do Solidariedade.

Referência política do final do século XX, Lech Walesa tem uma história de vida riquíssima, tendo conquistado o prêmio Nobel da Paz e sido eleito presidente da Polônia. Neste sentido, é importante que um filme conte sua trajetória. Ainda melhor que o faça sem ser episódico demais, embora em alguns momentos seja excessivamente didático.

Walesa peca um pouco pela frieza da narrativa, embora consiga criar alguns momentos de êxtase, como quando usa a trilha sonora, em especial o rock, para embalar os protestos em cena. O Walesa vivido por Robert Wieckiewicz é um sujeito carismático e muito popular. 

A vida pessoal do personagem, destacando a relação com a esposa Danuta (Agnieszka Grochowska) e com os vários filhos, também é foco da obra, que não deixa de destacar o cenário completo da Polônia à época. Neste sentido, o filme abre espaço até para reforçar o orgulho que a população sentia de ter uma Papa como conterrâneo (João Paulo II).

Escrito por Janusz Glowacki, o longa utiliza-se muito de imagens de arquivo, passando bem um caráter documental. Sofre com o ritmo em alguns momentos, mas cumpre bem a função de contar esta história de Lech Walesa.

A trama é conduzida através de entrevistas de Walesa para uma jornalista. Se por um lado o vai e vem da história ajuda a passar o maior número de dados possíveis sobre seu personagem principal, por outro torna a narrativa previsível e, em alguns momentos, entediante. Ainda assim, é um filme importante sobre um personagem especial do século passado.