Stephen Hawking é um dos homens mais geniais que já viveram. Saí da projeção desnorteado com a fantástica jornada de vida do físico inglês, e decidi aprofundar meus tão poucos conhecimentos sobre ele logo iniciando uma pesquisa a partir de seu casamento com Jane. Se você está procurando uma cinebiografia sobre o trabalho de Hawking, aqui não é o lugar. Há pouquíssima informação no filme sobre sua carreira e suas descobertas científicas. O foco principal do drama é sua relação com Jane Wilde, estudante de poesia medieval espanhola que conheceu em Cambridge na década de 60 e anos depois que veio a se tornar mãe de seus três filhos. Realmente, eu me surpreendi com a história de Stephen Hawking. Há anos não vi uma cinebiografia tão intensa e bem-feita. A Teoria de Tudo ou O Tudo da Teoria? Eu, como já disse, não sabia quase nada sobre ele, e A Teoria de Tudo, além de narrar algo que vai bem além do superficial (minha pré-conclusão máxima sobre o filme), é suficientemente esclarecedor. Para aqueles que estão buscando saber mais sobre sua vida, A Teoria de Tudo é o melhor filme.
No entanto, ainda estou indeciso quem é que mais merece a estatueta de Melhor Ator no Oscar. Michael Keaton e Eddie Redmayne dividem minha aposta. Porém, se fosse algo direto, acho que ficaria sem dúvida com Eddie. Por mais que Keaton tenha ganhado meu apoio nos últimos tempos na corrida, esta noite Redmayne me provou o improvável com uma performance arrebatadora e cautelosa, necessária e rigorosa. O par do ano. Eddie Redmayne e Felicity Jones fazem o par do ano ao atuarem juntos tão simbolicamente em A Teoria de Tudo. De forma contrária: o filme não é nem tão excessivo nem tão vazio. Define-se entre essa diferença, pois nele há uma plenitude tão instável que os erros (se existentes) são cobertos.
James Marsh é um documentarista exímio. Há muito tempo assisti sua grande obra-prima O Equilibrista, vencedora do Oscar em 2009. A qualquer hora tentarei a oportunidade de re-assistir e comentar aqui no blog sobre ela. Mas de qualquer forma, da primeira vez, o documentário me atingiu de força tão impressiva a ponto de me deixar paralisado depois de assisti-la. É claro, A Teoria de Tudo não é e nem poderia ser um documentário, mas a ideia de fazê-lo é divertida e visionária. Este é o quarto longa ficcional de Marsh, e seu mais sucessivo até agora.
Seria um imperdoável erro não citar os elementos internos e técnicos do filme. O roteiro, em primeiro de tudo, é o tudo da teoria. Assinado por Anthony McCarthen e adaptado da biografia Travelling to Infinity: My Life with Stephen (curiosamente) escrito por Jane Wilde, é a base categórica e essencial do drama. Num embate com O Jogo da Imitação em Melhor Roteiro Adaptado, a vitória no BAFTA talvez não leve ao filme uma vitória no Oscar, por mais triunfal. A trilha sonora conduzida brilhantemente por Jóhann Jóhannsson me deixou nas alturas. A fotografia, suprema, de um trabalho cordial de primeira. Não me surpreende que o dono deste feito seja o francês Benoît Delhomme, que trabalhou em outras películas, fracas, como O Menino do Pijama Listrado e Um Dia. A edição, a direção de arte, o figurino. A preciosidade dos efeitos técnicos é imprescindível. Bem, acho que não esqueci nada sobre A Teoria de Tudo, ou seja, tudo basicamente se resume em: Assista, você não vai se arrepender (ou vai?)! A obra tem tudo para garantir uma experiência pra lá de encantadora e plausível.
A Teoria de Tudo foi indicado ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Ator (Eddie Redmayne), Melhor Atriz (Felicity Jones), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Trilha Sonora.