Não é novidade meu grandioso gosto por biografias. A ideia daquilo que se passa, tenha acontecido de verdade é sempre atraente, pelo menos para mim. A teoria de tudo, biografia sobre um dos maiores cientistas do mundo, Stephen Hawking, não é diferente. O filme conta a história do cientista, desde os primeiros passos acadêmicos, passa pelo desenvolvimento da doença, até alcançar o reconhecimento acadêmico e mundial.
Mas o filme tem algumas peculiaridades interessantes, pois, a visão que é seguida no filme é sempre de sua primeira esposa, Jane Hawking. Ela é o que dá liga para todo filme, portanto, a questão da criação e construção científica é deixada de lado para contar muito mais da vida pessoal do professor. Talvez daqui a um tempo, seja feito mais filmes sobre o cientista, com outros temas e outros enfoques, como a revolução imposta pelas suas ideias.
Uma professora minha atual, por coincidência, nos deu o prefácio de um livro desse cientista brilhante para ler. Lembro-me que o objetivo desse tal livro é responder questões comuns, como de onde surgiu o universo dentre outras coisas, e a mais importante desse fragmento de texto é que o cientista gostaria que o livro tivesse uma linguagem simples para que qualquer um pudesse ler e entender.
Talvez, seja da própria vontade do cientista, que o filme tivesse essa visão também, pois há muita simplicidade nesse filme. Tudo é trabalhado com calma, sem atropelos, como na questão da doença, antes mesmo do diagnostico, já se vê indícios, então a evolução da doença vem aos pouco, e aqui vemos um grande trabalho que foi feito da leitura corporal do cientista.
Eddie Redmayne fez muito bem o dever de casa. A cada ponto do filme vemos a evolução claramente no corpo do cientista. Começa com a perda de movimentos básicos até a forma com que fica na cadeira, deixando o ombro caído, as mãos quase estáticas no colo, só abrilhantam mais a sua interpretação.
Outro ponto interessante do filme é o elo de toda cinebiografia, que é Jane. Ela descobre junto com Stephen a doença e se mantém firme ao lado do cientista. Vemos o amor dos dois crescer e amadurecer, até chegarmos ao fim dele com o desgaste físico e psicológico total de Jane. Isso é bacana nas biografias, nem tudo é lindo como se parece, o amor tem seu fim até nas melhores histórias.
Portanto, se entende as indicações ao Oscars, e hoje, entendo porque Redmayne ganhou o de melhor ator. O filme é bem estruturado, tem uma fotografia interessante, e se entende o que foi proposto e que foi transmitido através do filme. O amor entre o casal é ponto supremo do filme, e se iguala com o brilhantismo da mente do professor.