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    Meu Amigo, O Dragão
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Meu Amigo, O Dragão

    Reimaginação

    por Francisco Russo

    Hollywood nunca muda: se um filme faz sucesso, logo vem uma dezena de outros que seguem a mesma proposta - nem sempre com a mesma competência, diga-se de passagem! O desempenho de Malévola, com quase US$ 760 milhões nas bilheterias mundiais, logo impulsionou a Disney a produzir outras versões live action de seus clássicos da animação. Assim vieram Cinderela, Mogli e, agora, Meu Amigo, o Dragão. A grande diferença é que, assim como aconteceu no filme estrelado por Angelina Jolie, desta vez o que se vê em cena não é propriamente uma refilmagem com atores, mas uma verdadeira reimaginação da história.

    Senão, vejamos: por mais que também seja baseado na amizade entre um órfão e um dragão, o longa de 1977 possui uma história e um estilo completamente diferentes desta nova versão. Inspirado no clássico Mary Poppins, o original mesclava atores e um Elliot em animação, explorando personagens caricatos em situações ingênuas que, ainda por cima, cantavam um bocado - inclusive a belíssima "It's Not Easy", posteriormente regravada em duo com Roberto Carlos e Simony (ainda criança). Já o novo Meu Amigo, o Dragão investe mais na simbiose entre o garoto e o dragão, no sentido de um apoiar e se preocupar com o outro. Algo parecido com o sentimento existente entre um dono e seu animal de estimação querido, ainda mais porque este Elliot é mais uma espécie de "dragão-cachorro" - no comportamento - do que o gaiato brincalhão da versão original.

    Diante desta proposta, o filme se torna extremamente dependente dos efeitos especiais - e eles dão conta do recado! Extremamente bem produzidos, não apenas dão vida a Elliot como detalham sua interação com os demais personagens e a própria floresta, proporcionando uma dinâmica fluida em todo o filme - algo bem diferente do tom mecanizado de O Bom Gigante Amigo, apenas para citar outro longa infantil que possuía a mesma dependência. Inclusive, as sequências envolvendo Elliot e Pete são tão boas que fica explícito o quanto o longa decai quanto precisa focar no núcleo humano.

    Este, por sinal, é o revés desta refilmagem. Os personagens de Bryce Dallas Howard, Wes Bentley, Karl Urban e Robert Redford são tão estereotipados que tornam o desenrolar da narrativa extremamente óbvio, já que é possível dividir os adultos entre sonhadores e materialistas. Quem traz algum frescor são as crianças, Oakes Fegley e Oona Laurence, pela interação entre eles e também com Elliot.

    Com uma mensagem de fundo contra o desmatamento e abordando as tentações da vida civilizada, Meu Amigo, o Dragão consegue divertir sempre que aposta no tom afetuoso em relação aos animais. É na compreensão mútua existente entre um garoto e seu amigo animal que o filme brilha e até emociona, especialmente aqueles que já passaram por algo do tipo. Um bom filme, que chama a atenção pela exuberância dos efeitos especiais e também pela recriação do original, deixando de lado uma fórmula já conhecida para apostar em algo que seja mais próximo ao público contemporâneo. Sem músicas nem animações, mais maniqueísta e com certos diálogos tendenciosos, mas também com uma inocência no olhar, aliada a sentimentos e expressões faciais no dragão digital, que impressionam.

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