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    Crouching Tiger, Hidden Dragon: Sword Of Destiny
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Crouching Tiger, Hidden Dragon: Sword Of Destiny

    Por que?

    por Francisco Russo

    Lá se vão 16 anos desde que Ang Lee fez com que o mundo ocidental tomasse conhecimento do wuxia, gênero tipicamente chinês que mistura, em tom lírico, fantasia e artes marciais. Sucesso de público e de crítica, com quatro Oscar na bagagem e outras seis indicações, O Tigre e o Dragão abriu portas para filmes como Herói e O Clã das Adagas Voadoras, além de revelar dois talentos: Michelle Yeoh e Zhang Ziyi. Diante de tamanho sucesso uma sequência não seria impensável, mas por que fazê-la exatamente agora? A resposta é muito simples: dinheiro.

    Para início de conversa, é bom ressaltar que Crouching Tiger, Hidden Dragon: Sword Of Destiny (ou O Tigre e o Dragão 2, para os íntimos) pouco tem a ver com o filme original, ao menos conceitualmente. Sim, é verdade que Michelle Yeoh reprisa sua personagem e, mais uma vez, os guerreiros possuem a capacidade de voar durante as lutas. Entretanto, toda a delicadeza decorrente do balé visual criado pelo diretor e a força dos sentimentos, ora contidos ora expostos à flor da pele, se foram. Até mesmo a proposta de inserir os elementos fantásticos do wuxia em um ambiente realista, implantada por Lee em parceria com o diretor de fotografia Peter Pau, é abandonada. Aqui as cores fortes ganham destaque, ressaltando um mundo claramente fictício, e bem menos interessante.

    Diante disto, o que se vê em cena é uma versão pasteurizada d'O Tigre e o Dragão original, claramente feita sem o mesmo interesse artístico. O roteiro, por sua vez, se baseia principalmente no impacto simbólico (e visual) da espada do título e em uma lacuna deixada no longa original, envolvendo um antigo amor de Yu Shu Lien, personagem de Yeoh. É a deixa para que Donnie Yen assuma o posto deixado por Chow Yun-Fat, no sentido de ter um ator chnês de renome - mas apenas neste sentido, já que seu Silent Wolf está longe de ter o mesmo impacto narrativo de Li Mu Bai.

    Outro aspecto que decepciona bastante é o tom novelesco assumido pelo roteiro de John Fusco, que investe em elementos clichês, como personagens de passado nebuloso e pessoas consideradas mortas que retornam repentinamente, para criar alguma dramaticidade. Há ainda um punhado de coadjuvantes que pouco acrescentam ao filme. Por mais que funcionem como um certo alívio cômico, a pouca importância dada pelo roteiro lhes confere um ar de gratuidade e até mesmo desprezo. É como se, mais uma vez, a história se apropriasse dos conceitos de honra e lealdade para trabalhá-los de forma superficial.

    Em meio a tantos aspectos inferiorizados, sobram as lutas. Por mais que mantenham a beleza plástica dos movimentos, evitando brutalidades e contendo um certo humor, elas não são tão elaboradas e impactantes quanto no original. O que é até curioso, já que o responsável pelas coreografias de O Tigre e o Dragão é Woo-Ping Yuen, diretor desta sequência. É até compreensível que ele não possua a mesma habilidade na direção que Ang Lee, mas estranha o fato de não conseguir fazer novas lutas tão atraentes assim - ainda mais ao constatar que tem no currículo Kill Bill - Volume 2 e Kung-Fusão, que se destacam exatamente neste aspecto.

    Diante de tantos problemas, Crouching Tiger, Hidden Dragon: Sword of Destiny deixa a incômoda sensação de que apenas foi produzido para se aproveitar de uma marca conhecida, sem que houvesse o apuro necessário para que a qualidade do original fosse mantida. Se a ideia é explorar uma possível nova franquia de baixo custo, até funciona - o final permite incontáveis sequências. Mas deixa bastante a desejar.

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