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    Flores Raras
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    4,1
    244 notas
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    39 Críticas do usuário

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    Taiani M.
    Taiani M.

    37 seguidores 17 críticas Seguir usuário

    2,5
    Enviada em 26 de agosto de 2013
    Superficial.
    O roteiro, fraco e fragmentado, não permite que a trama ganhe "corpo" e tampouco faz jus à Bishop e Lota - esta um mero amontoado de clichês.
    Bruno Barreto executa uma direção burocrática, com planos extremamente óbvios que por vezes causam até constrangimento.
    A música é excessiva, assim como a quantidade de logos no início do filme - cinema brasileiro é isso aí.
    Não é uma obra sobre o relacionamento de duas - três? - mulheres, sobre o agitado Brasil da década de 1960, sobre a obsessão, sobre o trabalho ou sobre o amor.
    É sobre uma mulher, uma talentosa e insegura poeta americana. Miranda Otto tem total ciência disso e domina completamente o filme.
    Caio A.
    Caio A.

    8 seguidores 1 crítica Seguir usuário

    5,0
    Enviada em 26 de setembro de 2013
    Filme brasileiro ganhando novos formatos, tal como este, cultural e histórico, com um toque de sedução. Vale a pena conferir. !!
    Marcos A.
    Marcos A.

    81 seguidores 123 críticas Seguir usuário

    3,5
    Enviada em 19 de agosto de 2013
    Filme lindíssimo, com atuações espetaculares e uma história que ocorreu entre 1951 e 1979, com muitas sutilezas e a visão muito legal de uma estrangeira sobre o golpe militar de 64, além de outras coisas que são colocadas de forma muito inteligente. Vale a pena ir ao cinema para ver este filme.
    Phelipe V.
    Phelipe V.

    476 seguidores 204 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 31 de agosto de 2013
    Flores Raras, que conta a história de amor entre uma das maiores poetizas já conhecidas, Elizabeth Bishop, e a famosa arquiteta Lota de Macedo Soares, vai muito além de ser um filme sobre tolerância ou sobre o reducionista título de "romance lésbico". De fato, é uma história real e comovente, e além de tudo isso, universal. Num ano em que tórridos romances entre mulheres estão bastante em alta, o filme de Bruno Barreto triunfa ao tratar com uma sensibilidade ímpar todos os pontos mais tensos dessa trama, sempre conservando, muito respeitosamente por sinal, a alma e aura das duas mulheres históricas que estão sendo retratadas. Mesmo em cenas mais polêmicas, o cuidado permanece. A cena de sexo entre as duas amantes, por exemplo, é muito bonita e até poética.

    No que diz respeito à parte técnica, o filme acerta em muita coisa, como por exemplo a fotografia (e a mise-en-scene), muito bem cuidada por Mauro Pinheiro Jr., que tem algumas cenas que são um primor, como por exemplo quando Lota e Bishop chegam a casa depois de terem se beijado pela primeira vez, e a câmera se divide: de um lado as novas amantes, do outro, uma Mary devastada na sala ao lado. A direção de arte situa muito bem o filme na época em que se passa, e os figurinos são igualmente bem feitos. Entretanto, a mixagem de som é falha. Há erros de dublagem que são perceptíveis, e sinceramente, não deveriam frente ao investimento no longa. Em certos momentos conseguimos identificar que tal voz ouvida não é a voz que sai da boca do personagem. Dá uma certa impressão de amadorismo.

    Embora ser correta em boa parte do longa, a montagem parece corrida em certas partes do filme, contribuindo para uma falta de desenvolvimento narrativo em algumas situações propostas. O roteiro parece ser sabotado na mesa de edição, principalmente em certas passagens como no início do desenvolvimento de Lota e Elizabeth, ou na paixão repentina que a primeira passa a ter pela segunda. Por mais que a arquiteta diga que o seu relacionamento com Mary estava acabado há muito tempo, o filme não apresentou esse desgaste para o espectador antes, dando a impressão errônea de que Lota estaria dissimulando quando confrontada por sua antiga cônjuge. Também é possível notar uma certa falta de conflito em boa parte do enredo, como se o filme estivesse querendo se alongar mais do que devia.

    Tudo isso seria um desastre completo pro filme se ali fossem atrizes menos talentosas e competentes interpretando as protagonistas. Não acontece porque elas estão incríveis, e dão tudo de si. Glória Pires acerta em cheio na composição de uma mulher com trejeitos e ações muito masculinas, e jamais caindo na caricatura comum de atrizes que interpretam esse tipo de personagem. A ambiguidade nos ideais da personagem também é preservada na atuação da atriz. Sem dúvidas, uma grande performance.

    Mas o filme é mesmo de Miranda Otto. E não só por girar em torno da poetiza, mas porque a interpretação da atriz é extremamente nuançada e sutil. Então, logo compramos a profunda tristeza que Elizabeth sente por não ter-se conectado a ninguém até conhecer Lota, e conseguimos compreender muito bem o fascínio que aquela mulher forte, decidida e cheia de amor pelo trabalho que faz, provoca na mais frágil. Inclusive aceitando todos os arroubos egoístas e até machistas da companheira.

    Por isso é tão bonita a virada que o final nos dá. Lota, a mais forte, quando não tem mais no que se apoiar e percebe que não terá mais o grande amor de sua vida, sucumbe; enquanto isso, a mais fraca, aquela que sempre precisou de rédeas na vida para não sucumbir, simplesmente segue com sua vida. E se vê pronta pra terminar um dos poemas mais bonitos de sua carreira, que resume muito bem a tônica de toda essa história de amor: a arte de perde não é nenhum mistério, mesmo que possa parecer (escreva!) desastre.
    Kamila A.
    Kamila A.

    7.015 seguidores 777 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 23 de agosto de 2013
    “No teu cabelo negro brilham estrelas cadentes, arredias. Para onde irão elas tão cedo, resolutas? – Vem, deixa eu lavá-lo, aqui nesta bacia amassada e brilhante como a lua”. Este é um trecho do poema “O Banho de Xampu”, escrito por Elizabeth Bishop, norte-americana que é considerada uma das mais importantes poetisas do século XX. A cena que retrata o momento de inspiração deste poema é de uma intimidade absoluta e um dos momentos mais marcantes de um filme repleto de sutileza e sensibilidade: “Flores Raras”, de Bruno Barreto.

    O filme se passa na década de 50, quando Elizabeth Bishop (Miranda Otto, conhecida pelo papel como Eowyn nos dois últimos longas da trilogia “O Senhor dos Anéis”) decide deixar a cidade de Nova York em busca de novos lugares e inspirações para a sua literatura. É desta maneira que ela acaba desembarcando no Rio de Janeiro, onde pretende passar uns dias hospedada na casa da amiga Mary (Tracy Middendorf), que divide um amplo casarão na cidade de Petrópolis com sua parceira, a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares (Glória Pires).

    O triângulo amoroso de contornos delicados que resulta desse encontro é um dos pontos a serem abordados por “Flores Raras”, porém o objetivo maior do roteiro escrito por Carolina Kotscho, Matthew Chapman e Julie Sayres é mostrar o quanto que o relacionamento que se estabelece entre Elizabeth e Lota, que podem ser caracterizadas como dois gênios em seus campos profissionais, acaba deixando marcas profundas em seus respectivos trabalhos. Enquanto esteve no Brasil, Elizabeth colheu frutos importantíssimos, como o livro “North & South”, que lhe rendeu o Prêmio Pulitzer (honraria concedida aos norte-americanos que se destacam nas áreas de jornalismo, literatura e música). Já Lota viu a concretização do Aterro do Flamengo, obra que ela idealizou e construiu no governo de seu grande amigo Carlos Lacerda (Marcello Airoldi), é que é um dos pontos turísticos que fazem do Rio de Janeiro uma cidade com o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, concedido pela UNESCO.

    Ao mesmo tempo, “Flores Raras” utiliza o relacionamento existente entre essas três mulheres para fazer uma crônica da efervescente vida política e cultural do Rio de Janeiro na década de 50 até pouco tempo após a ascensão do Regime Militar no Brasil e como esse fato histórico acabou influenciando a rotina das nossas três personagens centrais. Como se pode perceber, “Flores Raras” tem um roteiro com muitas nuances e chama a atenção a forma como Bruno Barreto deu coesão a tudo isso, de forma que o seu longa flui muito bem, sem nunca deixar a obra cair num ritmo narrativo que deixe a plateia tediosa.

    De uma certa maneira, “Flores Raras” é um filme surpreendente. Caracterizar o longa por si só, desta forma, é uma surpresa, ainda mais porque se trata de uma obra dirigida por um dos nossos profissionais mais experientes na sétima arte. “Flores Raras”, aliás, apesar de ter sido feito no Brasil, com uma equipe brasileira, soa tudo menos uma obra do cinema nacional, uma vez que tem muita influência da linguagem norte-americana – o que pode ser explicado pelo fato de Bruno Barreto morar há muito tempo nos Estados Unidos. Por isso mesmo e por ter uma mensagem de apelo universal, “Flores Raras” deve ser um longa que vai obter uma boa aceitação do mercado externo.

    Mesmo assim, ao final de “Flores Raras”, o que ficará com a plateia é a certeza de ter visto um filme que conta uma bonita história de amor com uma delicadeza tremenda. O estilo de filmar de Bruno Barreto aqui lembra muito, por exemplo, os trabalhos de Stephen Daldry. Não sei se o diretor brasileiro assistiu “As Horas” antes de fazer “Flores Raras”, mas existem muitos elementos em comum entre os dois filmes, por exemplo: a ênfase no uso da trilha sonora (excelente, por sinal, de autoria de Marcelo Zarvos) para preencher os silêncios narrativos e o enfoque da história em personagens femininas que são ricas na sua construção e que são plenamente dominadas pelos seus sentimentos, pelas suas melancolias e pelas suas motivações – as quais, diga-se de passagem são muito bem defendidas pelas atrizes que as interpretam.
    Crismika
    Crismika

    972 seguidores 510 críticas Seguir usuário

    4,5
    Enviada em 22 de junho de 2018
    FLORES RARAS, um filme sobre a amizade que se transforma em amor e do amor que se transforma em amizade e suas consequências.para a vida toda.. Excelente, com um bom roteiro, boa fotografia e história consistente, além das atuações, principalmente de Glória Pires, que rouba a cena atuando de forma impecável e magnífica em língua inglesa, sem sotaque algum e interpretando sua personagem sem se perder por interpretar numa língua que não é sua. SUPER RECOMENDO A TODOS.
    Sidnei C.
    Sidnei C.

    114 seguidores 101 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 14 de setembro de 2013
    A primeira vez que ouvi falar em Flores Raras foi quando ele foi apresentado no último Festival de Tribeca, em Nova York, e Glória Pires recebeu muitos elogios dos críticos por sua interpretação. Foi preciso esperar um pouco até o filme chegar ao Brasil. Mas bem menos que os 17 anos que a produtora Lucy Barreto levou para ver realizado seu projeto, sempre esbarrando no preconceito em relação a uma história de amor entre duas mulheres. Neste tempo todo, uma coisa estava definida: a presença de Glória Pires no papel de Lota. Vendo o filme, não se pode imaginar outra atriz brasileira melhor para interpretá-lo. Quanto ao papel de Elizabeth Bishop, a atriz Miranda Otto não passaria pela minha cabeça, mas seu desempenho, igualmente, não poderia ser melhor.
    Flores Raras talvez tenha se beneficiado do seu longo tempo de "gestação". Neste tempo todo, o roteiro foi escrito e re-escrito muitas vezes, para chegar à forma enxuta final, onde não é possível conceber que alguma cena sequer seja excluída, ou pareça desnecessária. Além disso, é sem dúvidas o melhor trabalho até hoje do diretor Bruno Barreto. Direção segura, que conseguiu arrancar 3 ótimas interpretações do trio principal, além de uma caprichada reconstituição de época, bela fotografia, excelente trilha sonora e até o uso surpreendente e competente de recursos digitais.
    Bruno Barreto provavelmente sabia o que tinha em mãos, como produto acabado, por isso o filme está focado em conquistar o mercado internacional. Basicamente falado em inglês - justificando-se ao retratar como uma das personagens principais uma famosa personalidade americana - o filme tem estreia marcada para os Estados Unidos em novembro, onde pretende reavivar as excelentes críticas que recebeu quando exibido em diversos festivais pelo mundo, e não esconde suas pretensões de entrar na corrida das premiações. Apesar de seu tema difícil, cercado ainda de muitos preconceitos, Flores Raras consegue abordar este amor entre mulheres de uma forma natural, elegante e sensível. Os dramas e as alegrias pelos quais passa o relacionamento de Lota e Elizabeth é comum a todo tipo de relacionamento amoroso e as dificuldades estão mais ligadas a suas diferenças culturais. Há muita verdade e entrega nos papeis por parte das atrizes, facilitando o envolvimento de quem assiste, que livre de preconceitos poderá se emocionar realmente com a história. Além do mais, o filme não pretende abordar e discutir a questão do homossexualismo e sim contar uma boa história, onde a pedra de toque parece estar mais focada na questão da perda e sua aceitação.
    É interessante notar o desenvolvimento, a evolução das personagens. De início, de aparência e atitude tão frágeis, Elizabeth demonstra ao longo do tempo um preparo maior para lidar com a perda e as transformações da vida - muito provavelmente porque já havia vivido isso na infância, como mostra o filme. Lota, ao contrário, tão firme, determinada e aparentemente tão auto-suficiente, acabará sucumbindo aos revezes da vida, demonstrando uma fragilidade insuspeita.
    O filme não possui a mesma densidade dramática que Brokeback Mountain - cujo mote era não se permitir a felicidade frente às convenções da sociedade - ou Direito de Amar - cujo mote era permitir-se um novo relacionamento após a dor da perda. Flores Raras está mais para a linha de Milk - A Voz da Igualdade, onde o mais importante é a história de pessoas interessantes que, eventualmente, são homossexuais, mas sem ser este o interesse principal do filme. Li um crítico comentar que este talvez seja o principal mérito do filme: ao abordar esse assunto não levanta bandeiras ou soa panfletário.
    Lota de Macedo Soares ou Elizabeth Bishop foram mulheres talentosas e reconhecidas pelo seu trabalho numa época em que a maioria quase absoluta das mulheres buscavam ser apenas boas esposas ou donas-de-casa. Por si só, descobrirmos a história individual e o talento de cada uma dessas mulheres já seria motivo suficiente para tornar o filme interessante. Flores Raras consegue, a seu modo, proporcionar ao espectador aquele prazer de assistir um bom drama que somente ocorre, às vezes, dentro da sala de cinema. E demonstra, inequivocamente, que o cinema brasileiro atingiu a sua maturidade.
    Marcio S.
    Marcio S.

    93 seguidores 126 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 8 de agosto de 2014
    Apesar de saber quem era Elizabeth Bishop, não tinha conhecimento de seus poemas até bem pouco tempo. Por momentos da vida que permanecem conosco por toda a vida, fui apresentado a sua poesia Uma Arte (One Art) e fiquei encantado. Depois vieram os outros poemas e o livro "Poemas Escolhidos de Elizabeth Bishop tradução e textos introdutórios de Paulo Henriques Britto" (Companhia das Letras) que me permitiu conhecer cada fase da vida dela através de suas criações. Quando assisti a Flores Raras fiquei satisfeito de ter o prazer de ver uma produção cinematográfica consistente que consegue resumir bem o quanto a passagem de Bishop marcou sua existência em termos profissionais e pessoais.
    A poeta Elizabeth Bishop (Miranda Otto) resolve realizar uma viagem de circunavegação na América do Sul. Ela desembarca no Rio de Janeiro afim de visitar uma amiga americana que vive nesta cidade. Sua amiga Mary (Tracy Middendorf) vive com a arquiteta Lota (Glória Pires) e ambas vão recepcioná-la em sua chegada. As três seguem para o bairro de Samambaia, que fica em Petrópolis, onde Mary e Lota vivem. Devido a uma forte alergia devido a ingestão de um alimento, Bishop não consegue retornar ao navio então, para se recuperar, fica hospedada na casa onde Mary e Lota vivem. Após algum tempo ela e Lota se apaixonam e acabam vivendo um amor que irá marcá-las pelo resto da vida. Essa história é baseada em fatos reais.
    Com um roteiro que aborda um longo período na vida de Bishop e Lota o filme que tem quase duas horas consegue condensar bem os dezesseis anos de vida em que ambas viveram juntas. Através de uma direção segura do diretor Bruno Barreto, assistimos a uma deterioração do relacionamento, assim como o Brasil se deteriora ao se encaminhar para a ditadura. O filme está interessado no relacionamento da protagonista, mas não deixa de fora o contexto político em que o Brasil viveu. Ao iniciar com o famoso poema Uma Arte o filme acerta, pois iremos viver uma história, onde a personagem principal vive perdendo, praticamente desde que nasceu.
    A composição dos personagens também é importante para a realização bem sucedida desse longa metragem, pois conseguimos perceber somente no tom de voz, na maneira como elas andam um antagonismo muito grande. Enquanto Glória Pires faz com que sua Lota tenha uma entonação forte, confiante Miranda Otto realiza o oposto com sua Bishop. Em seu andar Lota parece impetuosa e Bishop o contrário. Enquanto Lota exalta sua arte, Bishop detesta exaltar o que já fez. Assim Bishop encontra uma proteção, uma segurança no convívio com Lota e isso ela praticamente não teve durante sua vida.
    Como o tema do filme é a relação de amor entre Lota e Bishop, as cenas de amor entre elas são bem retratadas por não serem tão comedidas. Ainda é abordado temas políticos e observações sempre aos olhos de Bishop. Ela como turista e uma artista reflexiva tem olhos apurados e critica o povo e o Golpe por exemplo. Assim, mesmo com o filme tendo o tema principal o amor, ele ainda apresenta uma leve conotação política. Mas o filme não é só crítica. A estranheza que uma estrangeira tem no Brasil em relação a hospitalidade é um fato que é atestado no filme. Nós somos acolhedores e Bishop até estranha esse acolhimento não só pela história de vida dela (a falta de amor), mas sim por em nenhum lugar ter visto nada igual.
    Ao chegarmos ao final passamos a conhecer uma história de amor que marcou ambas as vidas das protagonistas através de um filme muito bem estruturado.
    Renata J.
    Renata J.

    12 seguidores 5 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 21 de agosto de 2013
    Quando perder vira poesia.

    A arte de perder não é nenhum mistério;
    tantas coisas contêm em si o acidente
    de perdê-las, que perder não é nada sério.

    A primeira vez que tive contato com a vida de Lota de Macedo Soares e Elizabeth Bishop foi numa reportagem de capa do caderno Ela, do jornal O Globo. Não lembro quando, mas faz tempo. Bastante. Tempo suficiente para, naquela época, ter ficado instigada com a história de amor entre duas melhores, na década de 50, numa província como o Rio de Janeiro. Em 1950 não havia revolução feminista e debate sobre homossexualidade, o que me deixou ainda mais admirada pela história de amor entre uma brasileira nascida na França (Lota) e uma americana que jamais se sentiu em casa, independente do lugar em que estivesse (Elizabeth).

    Demorou até que alguém tivesse a disposição para filmar um dos romances mais intensos e poderosos que se tem notícia. Disposição e coragem, porque arrumar patrocínio para uma história abertamente homossexual, num país careta ao extremo como o Brasil, deve ter sido tarefa de leão para o diretor Bruno Barreto e seus produtores. Mas ele arrumou. E teve a feliz ideia de escolher duas excelentes atrizes, que são, sem sombra de dúvida, o coração e o pulmão do filme. Glória Pires empresta vigor, vivacidade e autoestima elevadíssima para uma Lota que foi vulcão quase que a vida toda. Miranda Otto dá o ar bucólico, nostálgico, mas que não chega a ser totalmente triste para uma Elizabeth que precisou perder para se salvar.

    Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
    a chave perdida, a hora gasta bestamente.
    A arte de perder não é nenhum mistério.

    Depois perca mais rápido, com mais critério:
    lugares, nomes, a escala subseqüente
    da viagem não feita. Nada disso é sério.

    O ponto assertivo escolhido por Bruno permitiu contar uma história de amor lésbico com uma pegada universal. Em tempos de defesa excessiva de um “amor homossexual” é legal ver que o diretor optou por fazer um caminho mais difícil ao dizer: “Esperem, amor é amor, não importa onde, quando e com quem”. E os destroços que ele deixa, bem como as fortalezas que constrói são iguais, sem distinção de sexo, cor ou raça. Ao não levantar bandeira, nem tentar ser politicamente correto, o diretor nos proporciona um mergulho bem mais profundo, que tem mais a ver com os efeitos causados quando decidimos entrar de corpo e alma numa relação do que aquele discurso chato e batido de “como se dá o amor entre pessoas do mesmo sexo numa sociedade preconceituosa”. Efeitos que nem sempre são tão óbvios. Onde o mais forte pode ser o mais fraco e vice versa. É sutil a mudança das personalidades no decorrer da história, e por isso mesmo o filme cresce.

    Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
    lembrar a perda de três casas excelentes.
    A arte de perder não é nenhum mistério.

    Perdi duas cidades lindas. E um império
    que era meu, dois rios, e mais um continente.
    tenho saudade deles. Mas não é nada sério.

    Seria perfeito se esse mergulho fosse ainda mais profundo. A inserção de poemas de Elizabeth (uma das poetisas – ou “uma das poetas”, como talvez Bishop preferisse, mais aclamadas da história da humanidade) dá o tom das modificações que ela e Lota sofrem com o tempo de relação. A contextualização histórica faz o filme perder um pouco de força, porque não existe tempo para deixar uma produção comercial enxuta e explicar direito as inclinações de direita que Lota possuía e seu trabalho com Carlos Lacerda (que é tratado mais como intelectual do que como político). Porém, é entendível que a questão histórica se faça presente: a construção do Aterro do Flamengo é ponto fundamental para que o roteiro mostre a virada na personalidade das protagonistas.

    Bruno Barreto sabe fazer filmes com o padrão hollywoodiano. Estabelecido em Los Angeles e acostumado com a tecnologia de ponta ele nos dá bons planos abertos do Rio de Janeiro de 50 e 60, não são muitos, até porque a opção por mostrar mais a vida das amantes na casa de Samambaia em Petrópolis não permitiu maiores voos tecnológicos. A direção de arte é primorosa. Móveis clássicos que passaram pela deslumbrante casa de Lota e Bishop são cuidadosamente mostrados em tela. O figurino é justo, bem como fotografia e roteiro (talvez aqui pudéssemos ser presenteados com diálogos mais à altura das atrizes em cena).

    — Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo
    que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
    que a arte de perder não chega a ser mistério
    por muito que pareça (Escreve!) muito sério.
    Uma Arte – Elizabeth Bishop

    Por fim, é em Glória e Miranda que o filme finca sua base. Ambas estão soberbas, a tal ponto que me arrisco a dizer que indicação ao Oscar para a dupla é algo extremamente palpável. Não vi atuações superiores em 2013. Ainda falta ano, mas elas já despontam. A empatia entre as duas é tanta que as cenas íntimas são das melhores que o cinema produziu para um casal lésbico, num filme comercial. Entrega num nível máximo de duas atrizes com “A” maiúsculo. Belo filme sobre a história da dupla. Corajoso, intenso e delicado como a soma do casal que o inspirou.
    Maressa B.
    Maressa B.

    12 seguidores 7 críticas Seguir usuário

    5,0
    Enviada em 8 de abril de 2014
    Personagens ricos, cenários, figurinos e paisagens deslumbrantes! Muito inteligente o roteiro, tocante, Glória Pires está ótima!!! Imperdível!
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