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    Juan e Evita - Uma História de Amor
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Juan e Evita - Uma História de Amor

    Antes de Evita

    por Francisco Russo

    É bem provável que você já tenha ouvido falar de Eva Perón, a ex-primeira-dama argentina que faleceu aos 33 anos e é até hoje endeusada pelos hermanos. Casada com o então presidente Juan Domingo Perón, ela foi seu braço direito ao longo do governo e conquistou imensa popularidade graças ao carisma e o trabalho junto à população mais pobre – sua saga virou até mesmo musical na Broadway e, posteriormente, também no cinema, com Evita. Entretanto, não será esta a história que você poderá conferir neste filme. Juan e Evita - Uma História de Amor trata da história pregressa de Evita, quando o mito no máximo ensaiava seus primeiros passos. É justamente esta a grande atração do filme.

    Quando Eva Perón ainda não era Evita, havia espaço para que ela fosse simplesmente uma mulher. Daquelas que se preocupa com o visual, pintam as unhas, usam roupas mais femininas... Não que atos deste tipo eliminem a possibilidade da consagração que viria a ter posteriormente, mas é interessante ver o lado mais humano da personagem, que por vezes até mesmo se rende ao ciúme e aos acessos de raiva. A personificação trazida não apenas pelo musical Evita como por boa parte das histórias contadas em torno dela acabam tirando de Eva Perón o aspecto de gente como a gente, como se estivesse imune a aspectos tão triviais da vida. É como se o mito impedisse que seu lado mulher recebesse a dimensão que merecia ter.

    Diante deste aspecto, o longa-metragem acompanha como a narradora de histórias românticas na rádio conhece e se apaixona pelo coronel do exército bem mais velho do que ela, que se aventurava na política local. Por mais que o filme seja didático em relação ao romance de Eva e Perón, há algumas lacunas na trajetória de ambos. Por exemplo, como Perón adquiriu tamanha popularidade – sabe-se apenas que trabalhou por “questões trabalhistas”, um termo tão abrangente quanto vago – e o porquê de Eva ter pintado o cabelo de loiro – ela simplesmente pinta e pronto! Ainda assim, é interessante acompanhar a união do casal em meio ao momento turbulento da Argentina, não apenas pelo lado do romance como pelo próprio interesse histórico. O desfecho do filme, onde cenas documentais são inseridas em meio à ficção, dão uma dimensão melhor da força que teve Perón em sua época.

    Por outro lado, Juan e Evita peca bastante pela direção ingênua de Paula de Luque e o uso de clichês pra lá de batidos na narrativa, como a imagem de um vaso se despedaçando no chão quando a crise chega à casa dos Perón ou a presença de frases de suposto impacto, como “a morte prematura eterniza o amor”. O mesmo desfecho que impressiona pelas cenas reais também traz como problema a solução visual utilizada pela diretora, que opta por repentinamente fazer com que o filme perca as cores, tornando-se preto e branco, apenas para não contrastar com as cenas de época. Por mais que tenha sido algo bem intencionado, o resultado visual acaba sendo de um filme amador.

    Apesar dos problemas, Juan e Evita é um filme que mantém um certo interesse graças às boas atuações dos protagonistas Osmar Núñez e Julieta Diaz, o interesse pelos percalços históricos da Argentina e a opção em mostrar uma Eva Perón bem diferente da que se está acostumado a ver. Razoável.

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