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    Dívida de Honra
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Dívida de Honra

    Quatro mulheres e um destino

    por Francisco Russo

    Tommy Lee Jones ganhou fama graças ao semblante sisudo e muitas vezes rabugento, tão bem explorado na série Homens de Preto e em O Fugitivo, que lhe rendeu o Oscar de ator coadjuvante. Em Dívida de Honra ele não apenas está novamente diante das câmeras como acumula também a tarefa detrás delas, em um de seus raros trabalhos como diretor. O resultado é um filme que no formato remete aos clássicos do faroeste, especialmente aqueles dirigidos por John Ford, mas com uma pitada de ousadia ao trazer uma mulher para o posto de coprotagonista.

    A trama acompanha Mary Bee Cuddy (Hilary Swank), uma solteirona que recebe a tarefa de levar três mulheres enlouquecidas para um abrigo em outra cidade. Corajosa e determinada, ela embarca em sua jornada e, no caminho, salva um criminoso abandonado para morrer (Lee Jones). Em troca, ela exige que a acompanhe e cuide da proteção do quarteto. Afinal de contas, o período retratado é o Velho Oeste, época rodeada de caubóis e índios cujo lugar da mulher é pré-determinado: dentro de casa, cuidando da família.

    A presença de uma imponente personagem feminina não apenas surpreende como traz à trama nuances que fogem do habitual do gênero. Seja pelos traumas sofridos pelas passageiras ou pela angústia aos poucos revelada por Mary Bee, associando sua posição decidida à dor de não ter alguém ao seu lado, o filme aborda questões femininas com a delicadeza possível – estamos no Velho Oeste, terra de durões, não se esqueça. Além disto, o roteiro chama a atenção pela inusitada mudança de protagonista no decorrer da trama, surpreendendo o espectador, e pelo fato de que Lee Jones está bem mais leve que o habitual, apresentando um toque de humor sem que esteja ligado ao seu habitual ar carrancudo. Ele até dança!

    Em meio a tantas ousadias, Dívida de Honra ainda investe em características tradicionais do gênero: as amplas paisagens, captadas pela bela fotografia de Rodrigo Prieto, a envolvente trilha sonora de Marco Beltrami e o road movie (agora a bordo de uma diligência), onde os personagens principais passam por um processo de descoberta e transformação. As boas atuações de Swank e Lee Jones potencializam a narrativa, auxiliados pelas participações luxuosas de Meryl Streep e Tim Blake Nelson. Bom filme.

    Filme visto no 67º Festival de Cannes, em maio de 2014.

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    Comentários

    • Romua Kaio
      romuakaioPor que aparece no final a gostosona da Hailee Steinfield? Somente pra promover ela que já é promovida demais? O Tommy Lee está carquetico de proposito ou ele esta assim mesmo? Agora dançando é demais neh?
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