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    Juntos para Sempre
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Juntos para Sempre

    Um sorriso a mais

    por Bruno Carmelo

    Juntos Para Sempre segue fielmente a cartilha do cinema independente, do tipo que começou nos Estados Unidos e se exportou sem dificuldades, e sem grandes modificações, pelo mundo inteiro – este projeto, inclusive, passou pela oficina de roteiro de Sundance, a Meca do gênero. Seu protagonista é um tipo baixinho, antissocial, inteligente e incapaz de manter relações amorosas e familiares estáveis. O filme o segue como o típico anti-herói, com um carinho imenso por todos esses traços meio tortos da sua personalidade.

    Javier (Peto Menahem) é parecido com o introvertido Roberto (Ricardo Darin) de Um Conto Chinês, a confusa Soledad (Inés Efron) de Amorosa Soledad, o recluso Martin (Javier Drolas) de Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual. O imaginário urbano da nova geração de cineastas é povoado por sujeitos depressivos, solitários, neuróticos, como uma espécie de revolta cinéfila contra a idealização capitalista e hollywoodiana. Para ajudar, Javier é roteirista e diretor de cinema, autor de filmes (adivinha?) independentes sobre pessoas igualmente disfuncionais.

    Assim, também entram em cena também os mecanismos do gênero "indie": linearidade da história (as pessoas não se transformam, os finais são abertos e/ou cíclicos), caráter apolítico e acrítico da trama, o tom invariavelmente agridoce (cheio de sorrisos, mas sem risos nem choros), a paixão pelos diálogos banais que funcionam como crônicas da sociedade. Juntos Para Sempre tem cara de um filme-sintoma, uma produção que não é nem boa, nem ruim o suficiente para se distinguir do resto.

    O filme tem uma direção discreta e acadêmica, aspectos técnicos simples (o loft do protagonista tem mais cara de estúdio, o som é simplesmente naturalista) e uma montagem que confere muito tempo a cada uma das cenas e dos diálogos, optando por perder o ritmo da comédia para ganhar em desenvolvimento dramático dos personagens. Tudo se encaixa relativamente bem, mas fica aquela pergunta sobre onde este filme quer chegar, e quais seriam suas pretensões tanto comerciais quanto artísticas.

    As teorias sobre o esgotamento do "indie" sugerem que o gênero se inflou, se repetiu com uma velocidade espantosa e, em oposição aos filmes moralistas da grande produção americana, preferiu ter cada vez menos mensagem, menos moral. Existe uma aura "cool" na despretensão artística, uma autossatisfação com a pequenez da história. O diretor Pablo Solarz não tem muito a dizer, mas também não tem muito a mostrar. Juntos Para Sempre quer entreter, despertar sorrisos durante 100 minutos, e nada mais. Ironicamente, esta é a mesma intenção das produções mais moralistas e espetaculares de Hollywood. Por caminhos opostos, estas formas tão distintas de cinema acabam chegando no mesmo lugar.

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