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    Hotel Mekong
    Críticas AdoroCinema
    1,0
    Muito ruim
    Hotel Mekong

    Estética do sujo

    por Lucas Salgado

    Os admiradores do cultuado diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul têm tudo para apreciar seu novo projeto. Afinal estão ali vários elementos constantes em sua cinematografia: filmagem amadora, ritmo lento, ou melhor, lentíssimo, e sucessão de imagens de contemplação. 

    Muitos apontam que um dos talentos do diretor está em deixar lacunas para o espectador refletir durante o filme. Mas a verdade é que ele deixa buracos tão grandes no roteiro que jogam as pessoas para fora da tela. Talvez, indivíduos de maior sensibilidade, acabam refletindo sobre a vida nestes momentos, mas fariam o mesmo em um vídeo de um rio parado do You Tube.

    Heraclito diz que "não se entra no mesmo rio duas vezes", mas isso não se aplica ao cinema de Weerasethakul. Em Hotel Mekong, temos os mesmos problemas vistos em Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas. A diferença é que este último, ao menos, tinha um visual e uma criatura interessantes, que deixavam o espectador curioso. Aqui, não há nada disso, embora o diretor tente criar o mesmo impacto com a presença de uma espécie de vampira.

    Dois jovens conversam sobre a vida e o relacionamento em um hotel na beira do rio Mekong. Esta é a premissa do filme, que é comprometida pelo fato de que os diálogos são sempre desinteressantes e as tomadas sempre de qualidade precária.

    Esteticamente, o cinema de Apichatpong Weerasethakul é pior trabalhado que a maioria das produções realizadas no Brasil nos dias de hoje. É claro que o cinema da Tailândia não oferece as mesmas condições, mas também é certo que num mundo globalizado um cineasta vencedor da Palma de Ouro conseguiria apoio para realizar obras mais bem acabadas. A verdade, no entanto, é que não existe uma vontade para tanto. Trata-se da valorização da "estética suja", para que ele possa dizer que seu longa é mal feito, mas tem alma.

    Resumindo: Hotel Mekong é uma produção absolutamente chata, que tem como principal "mérito" o fato de possuir apenas 61 minutos de duração. A trilha sonora é repetitiva e simplória, e as imagens do rio são pra lá de vazias. Se achou Tio Boonmee "a última bolacha do pacote", vá assistir a nova produção e fique livre para discordar de tudo dito nessa crítica. Mas se, como muitos, dormiu boa parte do último filme do diretor, o melhor a fazer é passar longe desse. A não ser que esteja com sono e precise de uma poltrona para cochilar. 

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