Amanhã Nunca Mais: Crítica AdoroCinema

Amanhã Nunca Mais tem a intenção de ser uma comédia non sense sobre a tentativa de um anestesista em buscar o bolo de aniversário para a sua filha, passando por vários obstáculos surreais pelo caminho. A ideia é muito boa, mas infelizmente não foi bem executada. Ao invés de abraçar de vez o humor, o longa perde tempo ao querer se aprofundar no personagem principal, vivido pelo talentoso Lázaro Ramos. Há, inclusive, uma vertente dramática que além de desinteressante é mal conduzida e em momento algum irá despertar a solidariedade do espectador.

Dirigido por Tadeu Jungle, o longa diverte em alguns momentos, principalmente quando entram em cena nomes Milhem Cortaz ou Luís Miranda, mas é difícil não sair com a impressão de que poderia ser muito melhor. Dentre as situações que impedem Walter - personagem de Ramos - a apanhar o bolo de sua filha, a que ganha mais destaque é a envolvendo Maria Luísa Mendonça, o que se revela um erro, afinal a atriz entrega uma atuação totalmente caricata. Ela recebeu o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Festival do Rio 2011 pelo papel, no que foi um dos maiores absurdos da premiação, tendo em vista que competia com Sônia Guedes (Histórias que Só Existem Quando Lembradas), Zezita Matos (Mãe e Filha), dentre outras.

Um dos principais destaques da produção é a direção de fotografia de Ricardo Della Rosa, que consegue se sair muito bem principalmente nas tomadas de uma São Paulo noturna. A sequência na praia, no entanto, é péssima e má desenvolvida, mas aí mais por culpa da montagem problemática de Estevan Santos e Jon Kadosca, do que da fotografia de Della Rosa.

O filme é totalmente sem personalidade. Possui uma catarse final que é óbvia e sem sentido, mas que tem uma relação clara com o título "amanhã nunca mais". Por isso, fica a impressão de que os realizadores não sabiam bem qual era o objetivo com a obra, se realizar uma comédia ou um drama, e acabaram sendo mal sucedidos na empreitada.

Lázaro Ramos é um dos melhores atores de sua geração e já comprovou isso em longas como Madame Satã, O Homem que Copiava e Cidade Baixa, mas também já realizou péssimas escolhas em sua carreira, como são os casos de Cafundó, O Cobrador e alguns outros.

Escrito por Marcelo Muller, Maurício Arruda e Tadeu Jungle, Amanhã Nunca Mais é um longa que provavelmente será esquecido em pouco tempo, inclusive pelas eventuais pessoas que venham a gostar dele.