VIPs: Críticas - Página 3

Ele não ambicionava dinheiro, nem mulheres, nem sucesso.

Tudo o que queria era o reconhecimento do próprio pai. Não poupou esforços para chegar onde acreditava ser necessário. Queria ser igual a ele: piloto de aeronave. Colocou sua vida numa roleta russa, imaginando que assim teria o amor e a presença dele.

Quando parecia que finalmente tinha chegado ao seu objetivo, um telefonema o fez abrir os olhos. Pelo menos era isso que o diretor nos fez acreditar naquele momento.

Mas a fantasia só tinha mudado de direção.

Marcelo passou, então, a buscar a aprovação da mãe. Não queria ser um "Zé ninguém", como ela dizia. E quem era importante pra ela? Os vips que apareciam nas entrevistas do Amauri Jr.

E foi por essa razão que ele se fez passar por uma celebridade para viver na pele os flashes e a admiração que elas recebem por todo lugar que passam, independente de terem bom gosto, serem bonitos ou talentosos.

E é nesse mundo de faz de conta que ele consegue se fazer passar por quem quer que deseje, do colega arruaceiro na escola ao filho do dono da companhia da aviação Gol, passando por imitações menos sérias como às do cantor falecido Renato Russo, do Legião Urbana.

O filme "Vips" é baseado no livro

"VIPS – Histórias Reais de um Mentiroso", escrito por Mariana Caltabiano, e conta a história real de Marcelo Nascimento da Rocha. No livro, o mentiroso em questão, ao contrário do personagem vivido por Wagner Moura, não liga a mínima para a opinião de ninguém, independente de ser seu parente ou não. Não passa de um talentoso estelionatário que usa suas habilidades para conseguir dinheiro e mulheres, e em nenhum momento confunde realidade com fantasia. Narcisista, sabe muito bem o que está fazendo e pesa sempre os prós e contras de toda atividade ilícita que se envolve. Doente? Dúvido. A menos, é claro, que egocentrismo seja considerado uma doença.