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    Jersey Boys: Em Busca da Música
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Jersey Boys: Em Busca da Música

    Clint 'Scorsese'

    por Renato Hermsdorff

    Aos 84 anos, o diretor Clint Eastwood mostra que está em ótima forma profissional. Seu mais novo filme, Jersey Boys: Em Busca da Música, é ágil, com planos ousados, um belo visual de época (estamos falando basicamente dos anos 1960) e excelentes tiradas – nem o próprio Eastwood escapa de uma piadinha.

    O filme é uma versão do musical da Broadway vencedor do Tony Award sobre o cantor Frankie Valli e o grupo The Four Seasons, formato pelos ítalo-americanos Frankie Valli e Tommy DeVito, Bob Gaudio, o compositor dos maiores sucessos da banda (como "Sherry", "Big girls don't cry", "Walk like a man" e "Can't take my eyes off you"), e o menos conhecido Nick Massi, que vivem no subúrbio de Nova Jersey. (Valli e Gaudio são também produtores executivos do longa).

    Mas não se trata de um filme musical convencional, como Os Miseráveis ou Chicago, como se especulou quando o diretor assumiu o projeto baseado em uma produção da Broadway. No longa, as canções só têm lugar no palco.

    Apesar de pouco conhecido, o elenco central, formado por John Lloyd Young (Valli, também responsável pelo papel no teatro), Vincent Piazza (DeVito), Erich Bergen (Gaudio) e Michael Lomenda (Massi), dá conta da produção, de mais de duas horas, que aborda um longo período na vida dos personagens.

     

    O filme começa na década de 1950 – e chega até o início dos 1990. O malandro Tommy DeVito se divide entre cantar em uma banda e praticar pequenos furtos. É ele o responsável por unir o quarteto que dará origem ao The Four Season, banda que fez um baita sucesso nos anos 1960. Frankie Valli é a voz do grupo, com seu falsete único. Com a entrada do compositor Bob Gaudio, a carreira do grupo deslancha. Porém, disputas internas, uma delicada ligação com a máfia (Christopher Walken faz uma boa participação como o chefão Gyp) e uma bela dívida de um dos membros com um agiota levaram o grupo à derrocada.

    Logo no início do filme, Eastwood põe DeVito (Piazza) dialogando com a câmera. As cenas são curtas, os cortes rápidos, muita música, uma piada aqui, uma tentativa de assalto, garotas, outra piada acolá. Eastwood ou Scorsese?, o espectador pode se perguntar, tamanha a semelhança – guardadas as proporções – com a técnica de O Lobo de Wall Street. (Aliás, a trama de amigos sob as asas da máfia ainda lembra Os Bons Companheiros, do mesmo Scorcese).

    O recurso da interação do ator com o espectador, olhando diretamente para a câmera se repete em vários momentos da produção, usado com outros membros da banda, quando cada um esclarece seu ponto de vista sobre determinado fato. É dos pontos altos das escolhas de Eastwood.

    Jersey Boys, no entanto, não é um filme solar como a produção protagonizada por Leonardo DiCaprio. O filme traz um visual mais sóbrio, puxado para uma tonalidade sépia, que casa perfeitamente com a época retratada. Na ascensão da banda, na primeira metade do filme, a agilidade dita o ritmo.

    A segunda metade, no entanto, é mais focada no drama dos personagens. Se, num primeiro momento, os anos se passavam em questão de minutos, aqui o diretor parece querer retratar em tempo real cada minuto dos momentos mais importantes da vida daqueles personagens. É arrastado, principalmente se comparado com o início do mesmo filme, mas não prejudica o resultado final desse belíssimo retrato.

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