Abaixo de Todos.
Em 2010, os olhos da mídia mundial estavam voltados para um país latino americano não por algo positivo que despertaria a atenção vigorosa em peso, mas por conta de uma tragédia anunciada. O "evento" em questão ocorreu em Copiapó, Chile, quando um desabamento deixa 33 mineiros presos a mais de 700 metros de profundidade, drama este que recebeu uma interessante retratação cinematográfica.
Iniciando com uma narrativa que apresenta aos poucos a maior parte dos mineiros, desde problemas familiares até dilemas sobre a profissão em si, o filme se preocupa em deixar claro que aqueles são pessoas normais que possuem vidas também normais, inclusive o bom humor que eles usam para tratar da profissão diariamente cheia de riscos. Durante um dia como outro qualquer, um forte desabamento faz com que os mineiros fujam para o trecho mais baixo na mina de San José, no que eles chamam de refúgio. Após o acidente com ares de filme catástrofe de qualidade notável, surgem aí os primeiros ares de drama, pois fica nítido que o ambiente quente e claustrofóbico causaria arrepios somente pela possibilidade disso ser ficção, imagina a certeza da retratação de um ocorrido real.
Para começar a colocar ordem na casa, destaca-se Mario Sepúlveda (Antonio Banderas), o homem que lidera o grupo e tenta manter as mentes sãs, conquistando a confiança de todos ao provar que decisões não podem ser precipitadas na circunstâncias em que sem encontram. Paralelo ao acidente, a mídia começa a mostrar sua asas para alçar o desastre como um espetáculo circense; ao passo que o apelo político também surge nítido, uma vez que o presidente chileno preferiria não se envolver para evitar um desgaste em caso do eventual resgate não ser realizado com sucesso. Aí entra uma das maiores figuras do filme: Laurence Golborne (Rodrigo Santoro), Ministro de Minas, este o responsável por incitar o governo e controlar toda a operação de resgate, cuidando inclusive dos familiares.
Grande parte da drama recai, evidentemente, pelo que se passa debaixo da terra. Os desprazeres gerados pelo racionamento, falta de comunicação externa, conflitos pessoais, calor e outros nos fazem torcer pelo que surgirá a seguir, mesmo que já se saiba do resultado real. A forma com que a diretora trata os 69 dias em que os mineiros ficaram presos é brilhante, sempre pontuando com expectativa e torcida pelo sucesso do resgate. Apesar da cautela em chegar aos finalmentes, sempre ponderando o possível desfecho com a possibilidade de problemas, é no clímax que a emoção, e comoção, toma conta.
OS 33 trata de uma história real com suas liberdade naturais, como idioma e pontuações narrativas para moldar uma história cativante e tensa na medida certa. É um filme com pouco mais de 2h de duração, mas sem que isso seja percebido, dado o ambiente inóspito e situação nada peculiar. Vale o tempo dedicado a esta interessante obra cinematográfica e a homenagem feita após os créditos.