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    Azul Profundo
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Azul Profundo

    Estudo de caso

    por Francisco Russo

    É bastante raro um filme grego chegar ao circuito brasileiro, o que de imediato desperta uma certa curiosidade sobre Azul Profundo. Entretanto, infelizmente este novo trabalho do diretor Ari Bafalouka não traz muito para capturar a atenção do espectador. A história tem um quê de autobiográfico, já que o próprio diretor foi nadador profissional no passado. Ou seja, conhece bem todo o processo de preparação para a prática competitiva do esporte, que acaba transferindo ao personagem principal da história, o nadador Dimitri (Sotiris Pastras). Esta ambientação torna o filme uma espécie de estudo de caso, como se pretendesse apresentar tal realidade ao espectador.

    Diante disto, Dimitri se vê diante de questões como a busca por patrocínio, o uso de roupas com tecidos mais apropriados para bater recordes, o intenso e constante treinamento. Tudo faz parte de sua rotina, onde o grande objetivo é alcançar o sucesso pessoal. Uma boa sacada do roteiro é colocar frente a frente o egoísmo imposto pelas metas de um esporte individual com o altruísmo de Elsa (Youlika Skafida), uma militante ambiental bastante devotada. Dimitri passa a ajudá-la justamente por ela querer melhorar sua capacidade respiratória, para que possa render melhor nos atos de pesquisa e protesto envolvendo danos ambientais. Não demora muito para que engatem um namoro.

    O grande problema de Azul Profundo é que, ao invés de insistir no contraponto entre egoísmo e altruísmo, o roteiro acaba apostando num tedioso mistério em torno do desaparecimento de Elsa. Enquanto todos a procuram, a história de como ela e Dimitri se conheceram é apresentada em flashbacks secos e burocráticos. O espectador em momento algum se envolve com os personagens ou com a história, o que gera um distanciamento diante do filme que resulta no desinteresse absoluto pelo desfecho da trama. O elenco também não ajuda nem um pouco, pela falta de empatia.

    Diante do inevitável cansaço no decorrer da história, Azul Profundo se destaca ao apresentar algumas belas cenas debaixo d'água, nas quais Dimitri aparenta estar em transe. Seria – ou deveria – um gancho para o próprio título do filme, apneia, que significa a interrupção temporária da respiração. É uma das "qualidades" de Dimitri, já que ele consegue ficar mais de cinco minutos submerso sem respirar. Só que, diante de um roteiro que está mais interessado em uma busca policial mesclada ao estudo do passado dos protagonistas, isto acaba sendo uma mera curiosidade mal aproveitada. Fraco.

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