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    Como Esquecer
    Críticas AdoroCinema
    1,5
    Ruim
    Como Esquecer

    PENSAR, PENSAR... PROFESSORA

    por Roberto Cunha

    Quem espera entrar no cinema e assistir um filme fácil com rostos conhecidos da televisão pode dar com os burros n'água. Afinal, ele disserta sobre a difícil dor da perda e as consequências desse sentimento nas pessoas. 

    Baseado no livro de Myriam Campello ("Como Esquecer - Anotações quase inglesas"), o longa conta a história de Julia (Ana Paula Arósio), uma professora de Literatura Inglesa, abandonada sem muitas explicações por sua companheira após um relacionamento de 10 anos.

    Diante do tema árido e, de carona, também controverso por tratar-se de um amor homossexual, a possível polêmica recebe mais tempero com a presença de Hugo (Murilo Rosa), um viúvo gay, e Lisa (Nathalia Lage), uma jovem diante de duas perdas, sendo uma delas motivo até de debate político e religioso.

    Como os três foram morar juntos, formaram uma espécie de "república dos inconsoláveis" e vão lidar de várias maneiras com as dificuldades afetivas. O problema é que, de mal com a vida, Júlia destila seu mau humor de maneira causticante, partindo de um desejo de vingança até a necessidade de sentir dor física para "encontrar (?!) a paz". E essa constante acidez do personagem, independente do sarcasmo com os Florais de Bach, o Feng Shui, entre outras "vítimas", pode ser indigesta para muito espectador.

    Repleto de divagações e mergulhos mais cerebrais, com direito a citações de Virginia Woolf e da poetisa Emily Brontë, o filme carece de ritmo e poderia ser mais curto. A narrativa verborrágica é salva, felizmente, pela interpretação convincente de Rosa e o humor do seu personagem. Destaque também para as bonitas cenas de nudez, em sua maioria, de bom gosto e sensuais.

    Assim, Como Esquecer não será lembrado como uma obra prima por muitos, mas não merece ser perdido por aqueles que curtem um drama morno e que pode até fazer você pensar, pensar e pensar.

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    Comentários

    • Alécio Faria
      Achei um bom filme... essas divagações sobre o que ficou do outro...pois como dizia Drummond, de tudo fica um pouco na gente, depois de um rompimento amoroso, foram bem desenvolvidas. As dores abertas, as feridas, um certo desamor. Diálogos bem construídos e de fato o Murilo Rosa está muito bem no papel do gay... ele é o lado leve do filme...o contraponto da personagem Júlia ( Ana Paula Arósio ) que às vezes chega a irritar o telespectador. As cenas de nudez são belíssimas, há muita harmonia entre os corpos... nada daquela sindicância LGBT que aborrece a gente... aqui há leveza. Na mão de um diretor comum, temos uma boa prosa. Agora, se o diretor fosse alguém como Andrei Tarkovski, teríamos poesia...
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