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    Poder Paranormal
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Poder Paranormal

    Perdido nos gêneros

    por Roberto Cunha

    Com diversas indicações e prêmios pelo interessante Enterrado Vivo (já avaliado pelo AdoroCinema), o produtivo curtametragista e diretor espanhol Rodrigo Cortés apresenta seu terceiro longa, Poder Paranormal. Novamente investindo no suspense, ele não só dirigiu como também produziu, escreveu, editou e saiu da atmosfera claustrofóbica do filme anterior para um universo mais popular que exerce fascínio no público: a paranormalidade.

    A história conta sobre dois estudiosos (Sigourney Weaver e Cillian Murphy) que adoram decifrar as artimanhas daqueles armadores que abusam da boa fé das pessoas, seja como videntes que fazem "trabalhos" a domicílio ou aqueles que produzem shows, angariando vultosas quantias. Para os que pensaram em certos pregadores da fé na vida real, a semelhança não é mera coincidência. De volta à trama, a dupla mostra-se imbatível e cheia de aparatos tecnológicos (e lógicos) para desmascarar os golpes. Mas o retorno de um vidente cego (isso mesmo!) envolvido em uma misteriosa morte do passado muda tudo, com estranhos fenômenos acontecendo e abalando a "crença" de ambos.

    Olhando assim, os indicativos pareciam revelar um legítimo exemplar de suspense com doses de terror. Mas o bom argumento se desfaz através de um roteiro que não só tentou mesclar os gêneros, como adicionou pitadas de humor (deslocado) e um drama sem se aprofundar. Isso fica claro na primeira cena que não tem nada de engraçado e na existência de um raso antagonismo entre a aceitação dos fatos e a negação das crenças. Para complicar, a maioria das sequências de ação tem fortes chances de soar artificial para o espectador mais exigente. É como se elas acontecessem, mas não surtissem efeitos.

    Entre as curiosidades, uma abertura bem próxima dos seriados investigativos, uma citação debochada do ilusionista Chris Angel (também da TV) e uma outra a própria obra (Enterrado Vivo) com Murphy deitado em posição fúnebre. Enquanto a trilha sonora do conterrâneo e parceiro Víctor Reyes cumpre sua missão, o destaque vai para as sequências iniciais no melhor estilo Mister M, desvendando os truques, e também para a ótima frase do personagem de Weaver sobre os dois tipos de paranormais: "os que pensam que tem (poderes) e os que acham que não vamos descobrir".

    Mesmo escorado em atores conhecidos, como os já citados e ainda Robert De Niro (no papel do poderoso médium), essa coprodução Estados Unidos/Espanha arrecadou apenas US$ 8 milhões nas bilheterias gringas, sendo metade no segundo lar e no primeiro quase nada, pois estreou em circuito pra lá de restrito. Por aqui chega com mais poder e pode até dar certo. Mas para prever, só mesmo sendo vidente, o que (ainda) não é o caso do autor desse texto. De concreto, um longa que começa de um jeito e termina de outro, sem que o elemento surpresa seja, de fato, uma surpresa.

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    Comentários

    • Lu
      Só vale assistir pelo Robert de Niro
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