Cão Branco

Só tenho uma coisa a dizer sobre tudo isso que acabei de ver: como o ser humano é podre!Além de um manifesto contra o racismo, White Dog é uma grande metáfora sobre o comportamento humano. E dessa linha emerge toda a rejeição do Fuller contra o protótipo da sociedade norte-americana, na qual ele cresceu e teve que se confrontar desde sempre.Albert Einstein já dizia: “Época triste a nossa, mais fácil quebrar um átomo do que o preconceito!”E o filme de Samuel Fuller não é nada otimista sobre esse assunto. Seu White Dog representa de forma muito boa o treinamento a que as pessoas são submetidas e que mantêm o preconceito, a discriminação e até o assassinato. O uso de um cão branco treinado para identificar pessoas negras como inimigas foi muito bem realizado, há cenas em que o cachorro parece uma besta sanguinária. Assim como aqueles que descarregam seu ódio e violência - covardemente - em um grupo que não pode se defender à altura. Talvez o exemplo mais conhecido seja o de Adolf Hitler e seus cãezinhos humanos treinados, mas não é preciso ir muito longe para descobrir pessoas consumidas pelo ódio e que só se satisfazem esmagando o outro diferente. E o filme ainda faz a ótima associação entre o ódio e o medo.Os cuidados com a produção poderiam ter sido bem melhores, o elenco se esforça mas nem todos se saem bem. Mas é um filme sempre necessário, bom de ser mostrado e discutido nas instituições educativas. Afinal, o cão (e nem sempre é branco) continua a matar.O que eu tinha na memória eram as reações do cão ao ver uma pessoa negra. O filme é bom, agora há alguns furos no roteiro: O homem que foi morto pelo cão dentro da igreja, então não houve uma investigação sobre a sua morte ?? Ficou por isso mesmo ?? A dona e o adestrador do animal não seriam responsabilizados ??? O fato do filme ser antigo não isenta em nada essa lacuna no roteiro. Nos anos 80, num caso como esse, a dona e o adestrador do cão seriam responsabilizados sim.Outra coisa que me incomodou um pouco, foi a atuação da Kristy McNichol, pouco convincente. Entre os filmes de Samuel Fuller que eu já vi, os meus preferidos continuam sendo: No umbral da China e Dragões da Violência.