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    John Carter: Entre Dois Mundos
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    John Carter: Entre Dois Mundos

    Universo a ser explorado

    por Lucas Salgado

    Mesmo sem ter realizado até então um só filme com atores de verdade, Andrew Stanton já podia ser considerado um dos cineastas mais autorais da atualidade. Realizou obras primorosas como Procurando Nemo e Wall-E e ainda colaborou com os roteiros de Monstros S.A. e da trilogia Toy Story, todos para a Pixar. Quando anunciou que assumiria a direção de John Carter of Mars (o "of Mars" se perderia pelo caminho) muita gente ficou surpresa, afinal se tratava de um projeto considerado amaldiçoado pela sétima arte.

    Pai de personagens como o Tarzan, Edgar Rice Burroughs criou John Carter em 1912. Desde os anos 30 que Hollywood tenta levar a trama para as telonas. Bob Clampett pensou em fazer a primeira animação da história inspirado na obra, mas acabou desistindo da ideia pela falta de tecnologia na época (1935). Durante os anos 50 e 60, novas tentativas ocorreram, mas novamente foram mal sucedidas. Criou-se então o consenso de que jamais chegaria às telas de cinema, algo que Stanton fez questão de corrigir. Embora esteja longe de ser uma obra prima, a versão cinematográfica da história é bem sucedida em apresentar o personagem para as novas gerações.

    Para desenvolver a adaptação, Stanton contou com a providencial ajuda de Mark Andrews e Michael Chabon, vencedor do prêmio Pulitzer. O trio criou um roteiro interessante, principalmente pela menção à própria figura de Edgar Rice Burroughs. Um cinéfilo mais experiente vai se incomodar pelo fato de já ter visto a história inúmeras vezes nas telonas, através de muitos outros filmes. Com relação a isso, deve-se ressalvar que John Carter é uma obra centenária e que influenciou vários clássicos do cinema de aventura. Como foi o último a chegar aos cinemas, no entanto, acaba deixando a impressão de que se inspirou nestes projetos.

    Em alguns momentos, o longa irá lembrar obras como Guerra nas Estrelas – em especial o Star Wars: Episódio 2 - Ataque dos Clones, que também possui uma cena passada em uma espécie de coliseu – e 300, em razão do código de moral e, principalmente, pela forma como as criaturas de Marte lidam com os "fracos" de sua espécie.

    A trama envolve um malvado vilão que deseja se casar com a princesa de um reino inimigo contra a vontade desta. Ela acaba fugindo e encontrando pelo caminho um herói que se esforça ao máximo para não tomar posição alguma. Não disse que a história era simples? Você já deve ter visto isso milhares de vezes, mas penso que deveria conferir mais uma vez, afinal a execução do novo longa é boa.

    Taylor Kitsch interpreta o herói que dá nome ao filme e mostra ter uma boa presença em cena. Ele parece bem preparado para o estrelato que virá depois deste longa e das participações em Battleship - Batalha dos Mares e Savages. A produção explora bem os belos olhos de Lynn Collins, mas a atriz ainda parece crua demais para roubar uma cena. Sua personagem parece saída de obras como A Múmia e O Escorpião Rei, e isso não é um elogio.

    Dominic West interpreta o vilão de forma bem estereotipada, o que é uma decepção para quem conhece o trabalho dele na ótima série The Wire. Ao seu lado, está sempre Mark Strong, que tem uma presença em cena digna de destaque. Mais um bom papel deste onipresente ator, que recentemente fez bonito em O Espião que Sabia Demais, O Guarda, Caminho da Liberdade, Kick Ass - Quebrando Tudo, Sherlock Holmes e muitos outros. Samantha Morton, Willem Dafoe e Thomas Haden Church completam o elenco ao darem vida a três alienígenas de Marte.

    John Carter possui efeitos visuais impressionantes, deixando claro que valeu a pena esperar mais de 77 anos (desde o primeiro projeto) para ver o personagem no cinema. As criaturas presentes em Marte são extraordinárias e muito bem desenvolvidas. Possuem o mesmo mérito dos Na'vi de Avatar, que é o fato de transmitirem certa naturalidade, algo sensacional para uma figura fictícia. Tal semelhança não é mera coincidência, afinal ambas as espécies foram desenvolvidas pela Legacy Effects, que nos últimos anos também foi responsável pela armadura do Homem de Ferro e pelos extraterrestres de Cowboys & Aliens.

    A trilha sonora também é um dos elementos que merece aplauso. A trilha foi de responsabilidade de Michael Giacchino, grande parceiro de J.J. Abrams, com quem trabalhou em Lost, Star Trek e Super 8. Ele foi bem sucedido na construção de uma trilha clássica e ao mesmo tempo épica. Em alguns momentos, vê-se até uma referência a 2001 - Uma Odisséia no Espaço.

    John Carter: Entre Dois Mundos é um bom primeiro trabalho de Andrew Stanton no cinema live action. Possui um belíssimo visual e consegue capturar o interesse do espectador para este novo mundo. Uma simples, mas bela, aventura sobre um homem que faz a diferença mesmo quando luta para ficar em cima do muro.

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    Comentários

    • Joao Silva Olivaes
      E olhe que esse filme foi um fracasso de bilheteria, não entendo como!
    • Mirian Souza
      Valeu. Vou ler.
    • Maria C
      Continuo gostando...
    • JORGE LIMA
      bobagem.um ótimo filme.interessante mistura de faroeste com alienígenas, alem de excelentes efeitos especiais.ansioso para ver a sequência.
    • Lino Lumasica
      Não consigo entender pq não fez sucesso. O filme é bom, a história é bem daora e dá vontade de saber oq vem a seguir. Certas coisas não têm explicação.
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