O longa exasperado
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Christopher Nolan que até aqui trabalhava com baixa carga emocional, resolve mostrar que até provocar lágrimas ele sabe. Seu nono filme é o mais dramático até agora, sua introspecção na psique humana está ainda mais avançada. Seus direcionamentos apontam para a esperança e principalmente para a inabalável confiança no amor.
O cineasta viaja em direção ao desconhecido afim de dissertar sobre a importância da reciprocidade amorosa, sobre uma relação de confiança entre pais e filhos, e entre pessoas no geral. O que nós temos de mais precioso é o amor incondicional, só ele transpõe barreiras físicas e psicológicas, nem a morte pode detê-lo.
Invariavelmente, o longa está apoiado na base construída por Stanley Kubrick em 1968. O filme 2001: Uma odisseia no espaço já falava sobre viagem dimensional, evolução humana e conceitos sobre a relatividade geral. O interessante aqui, é que a obra de Nolan consegue aplicar muito bem as teorias científicas, mas se perde ao ir além, explica-las em diálogos maçantes e repetitivos desmonta o enigma primordial. O filme segue no último ato em direção a um contexto inalcançável pela ciência, que não disserta exatamente sobre paradoxos e mutabilidade da prática.
Cooper, assim como Dave, viaja através do hipercubo. Porém, este é o fruto de uma nova espécie, aquele é quem "muda" o passado e salva o destino da humanidade. O conceito utilizado pelo filme é a da multiplicidade temporal: o passado, presente e futuro acontecem no mesmo instante, e é possível se locomover geometricamente através deles.
_Interestelar_ é mais uma mensagem sobre o amor do que um filme de ficção científica. Ele ressalta a importância de estarmos pertos de quem amamos, e de não desistirmos nunca de fazer a coisa certa, inclusive de amar incondicionalmente. Inevitavelmente, seu senso de grandiosidade para estabelecer uma História Total não consegue alinhar tudo com maestria, no fundo há uma sensação de evasão teórica e prática.