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    Caro Diário
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    3,2
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    Nino G.
    Nino G.

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    4,5
    Enviada em 17 de junho de 2017
    A incerteza de qualquer definição para “Caro Diario” é o que lhe faz tão especial. Um documentário? Um filme? Uma autobiografia? Um registro narcisista? Talvez um pouco de tudo, mas , ao mesmo tempo, negando ser tudo isso.

    Falar sobre “Caro diario” só perde para o prazer de assistir ao filme realizado pelo italiano Nanni Moretti em 1993. Morreti já é referenciado há alguns anos como figura representativa da nova fase do cinema italiano. Confesso que só havia assistido anteriormente um filme de Morreti, sendo apresentado ao diretor através das aulas de italiano que cursava, e na qual assistimos ao "Habemus Papam" de 2011.

    "Caro Diário" é uma obra ímpar que se faz através de três episódios com caráter autobiográfico e em diálogo com o documental. Ao transpor o seu diário para as telas, Moretti poderia correr o risco de realizar algo perigosamente narcisista, mas por ter um olhar, escrita e personalidade tão interessante, “Caro” se transforma em um jocoso filme livre para zombar do seu próprio autor, de sua pátria, seus amigos, do público… O mosaico do mundo que circula Moretti é tão verdadeiro que em vários momentos a reciprocidade e familiaridade das situações não apenas atravessam o protagonista dessa história, mas também aquele que assiste. Como, por exemplo, não se identificar com a incapacidade dos médicos de ouvirem seus pacientes, mas , em contrapartida a facilidade dos médicos em falar e recitar remédios que em nada ajuda nossas enfermidades, principalmente em projetar nos pacientes a culpa da doença bem como a responsabilidade para a cura.

    Referências nem sempre são algo agradável, pois, geralmente tendem a reduzir o mérito das pessoas, no caso de Moretti, fica sincero quanto de Woddy Allen inspirou o diretor ou não passa de ligações pessoais do público, já que em diversos momentos do filme, temos memória e familiaridade de abordagens típicas dos filmes autobiográficos de Allen, tal como sua narrativa direta, sua inserção como homem e personagem, seus comentários sarcásticos, a divisão de capítulos com utilização de cartazes nominativo, a capacidade de rir de si e desfechos que sempre seguem o oposto do esperado ou desejado.

    A utilização de uma trilha sonora quem em diversos momentos é algo que surge de forma externa, e que acaba por influenciar ou criar momentos próprios da música, um diálogo entre personagem e melodia, funcionam excelentemente e muito dizem da relação e influência de ritmos latinos ou de músicas antigas na formação de Moretti. Um dos momentos mais belos do filme, é a homenagem de Moretti ao cineasta italiano Paolo Pasolini, uma ida de moto (vespa) até o local onde o diretor foi assassinado ao som de Korn do concerto Keith Jarrett.

    A vespa: veículo para apenas uma pessoa. A ilha: metáfora para indivíduo, solidão. O médico: profissional que cuida do corpo de cada indivíduo; cada corpo, muito particular, de cada pessoa. Os títulos de cada parte em que Caro Diário se divide tratam, de alguma forma, de uma noção do individual, do particular, como um diário também o faz. Aqui, contudo, não se trata de uma narrativa intimista: Moretti pode ser egocêntrico, mas isto não o faz ensimesmado. Seu jeito idiossincrático, peculiar, é, na verdade, um jeito que poderia ser de qualquer um; nós o notamos em Moretti simplesmente porque ele se expõe.

    Tanto a fotografia quanto a iluminação são pontuais, não indo além do necessário tão pouco inovarias, no especifíco a iluminação é notório a utilização de luz natural, que muito colabora na criação de um caráter documental e biográfico muito próximo dos documentários de rua ou de programas vespertinos que registram os fatos de cidades ou bairros, a propósito, o primeiro capítulo, que utiliza um trabalho de câmera interessante, tanto pela movimentação quanto pela quebra de planos abertos e fechado, essa primeira parte, remete muito aos programa de tv, que costumam apresentar os bairros de uma grande cidade através de uma personalidade.

    "Caro diario" é principalmente uma conversa entre o diretor com o público, o que cria uma oportunidade de intimidades que raramente podemos ter como experiência, seja através de documentários ou dos diversos gêneros cinematográficos. Um filme de sensibilidade mesmo quando morta suas costuras, mesmo quando se estabelece ao avesso. Um diário que ajudamos escrever e que com certeza, é prazeroso acompanhar. Parabéns Moretti!
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