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    Supergirl: Apesar de ter uma das melhores vilãs do 'Arrowverse', enrolação é a grande fraqueza da Garota de Aço (Crítica da 3ª temporada)

    A nova trama envolvendo Kara (Melissa Benoist) tinha bastante potencial, mas se perdeu em episódios arrastados.

    NOTA: 2,5/5,0

    A transição de Supergirl para a CW fez bem para a trama da Garota de Aço. Basta ver o sucesso da segunda temporada e sua conexão com o 'Arrowverse' - como aconteceu de maneira bem mais eficiente no crossover "Crise na Terra X". Então, era esperado que a terceiro ano ia começar nos mesmos padrões de suas colegas na emissora: com seu determinado protagonista precisando se adequar a uma nova realidade.

    Para muitos, pode ter sido estranho ver Kara Danvers (Melissa Benoist) menos alegre e tentando rejeitar seu lado humano, após perder Mon-El (Chris Wood), num sacríficio para salvar National City. Foi interessante explorar as dificuldades de ser uma heroína (e uma refugiada) no planeta, mostrando como ser um símbolo de esperança também carrega seus fardos. Tudo isso sem simplesmente transformá-la numa personagem dura, só por causa de uma kriptonita colorida ou algo assim... Afinal, pleno século XXI não tem mais espaço para heróis de uma nota só.

    E a crise também chega para Alex (Chyler Leigh). Fica claro que a decisão de Floriana Lima em sair do elenco regular não era exatamente aquilo que os produtores planejavam e isso afetou diretamente o arco da Danvers mais velha. O desafio era terminar um casal estável com uma justificativa importante, sem matar Maggie ou fazer algo que deixem os fãs questionando eternamente um possível retorno da personagem. A resposta foi focar na vontade de Alex em ser mãe, desenvolvido de maneira meio brusca, mas até que fez sentido para a trama, considerando a forte proteção que ela sente por Kara.

    Se ambos os arcos das irmãs Danvers tiveram altos e baixos, eles culminaram num dos episódios engarrafados mais incríveis da série: "Midvale", focando na adolescência delas. Fica aqui os aplausos para o diretor de casting responsável por encontrar Izabela Vidovic e Olivia Nikkanen, pois as meninas conseguiram adquirir os trejeitos de Kara e Alex. E o final do capítulo surge ao som de Benoist e Leigh cantando "Sweet Escape", o que é sempre um bônus.

    De modo geral, a 3ª temporada de Supergirl pode ser resumida em duas tramas importantes. Como já é tradição, o novo ano apresenta outra vilã: a Reign de Odette Annable. Mas o grande acerto é que o público pode conhecer sua versão humana primeiro, Sam - uma mãe solteira e trabalhadora, que ganha o carinho do espectador. Só quando ela descobre mudanças em seu corpo, aos poucos, seu alter-ego cruel ganha forças e vai se desenvolvendo. A transformação gradual dessa segunda personalidade é essencial para entender ambas os lados e desenvolver uma vilã diferente de tudo já visto no 'Arrowverse' (basta ver como a transformação da Nevasca de Danielle Panabaker foi feita de maneira apressada em The Flash, por exemplo). Ao mesmo tempo que Reign surge como uma grande ameaça para Supergirl, é impossível não torcer para Sam conseguir ficar ao lado da filha, Ruby (Emma Tremblay).

    Outra novidade foi a apresentação da Legião dos Super-Heróis, através da revelação que Mon-El foi enviado para o futuro, unindo um poderoso grupo no século XXXI. Por sua vez, tal arco não foi tão bem aproveitado. Efetivamente, as aparições de Imra (Amy Jackson) e Brainy (Jesse Rath) trouxeram poucas mudanças significativas para a trama. A primeira surgiu apenas para causar conflito no romance de Kara e Mon-El. Mas é importante elogiar como os roteiristas não criaram uma rivalidade clichê entre as heroínas, por causa de homem. Elas entendem a bizarra situação em que se encontram e a única vez que discutem é por conta de suas diferentes ideologias. Já sobre o antigo príncipe de Daxan, seu amadurecimento era necessário, porém seu personagem mudou completamente (provavelmente para agradar os 'haters' do casal Karamel). É importante ressaltar que isso não é culpa de seu intérprete, pois o talento dramático Chris Wood fará falta no elenco.

    Já a fraca maquiagem de Brainy atrapalha, mas Jesse Rath construiu um personagem carismático. Então será interessante vê-lo nos próximos episódios - mesmo que sua promoção ao elenco regular seja basicamente para preencher o vazio 'nerd' deixado pela saída de Jeremy Jordan. Realmente, seu popular Winn foi deixado de lado, porém foi foco de um ótimo episódio com a participação de Laurie Metcalf, sempre maravilhosa. Dentre outros coadjuvantes, o romance de James (Mehcad Brooks) e Lena (Katie McGrath) é esquecível, enquanto J'onn (David Harewood) conseguiu roubar algumas cenas com o emocionante arco envolvendo seu pai, M'yrnn (Carl Lumbly, ótimo).

    Porém, o grande problema do 3ª ano de Supergirl é algo que aflige boa parte dos shows de fall-season: preencher tempo de tela. Em plena era de Peak TV e Netflix, com temporadas de 8, 13 e 18 episódios se reafirmando como novos padrões, 23 capítulos é algo excessivo demais para manter a atenção do público atual. O arco de Reign perde força com a revelação da existência de outras duas Wordkillers. Depois, na reta final da temporada, onde você deve manter o espectador ansioso por cada episódio, Kara descobre que parte de Krypton está viva num planeta isolado, inclusive sua mãe, Alura (Erica Durance), mudando completamente o rumo da história! No final das contas, essas subtramas acrescentam quase nada para a história e sò surgiram para preencher a cota de episódios encomendados, gerando uma finale confusa e corrida.

    Está na hora das emissoras norte-americanas se desprenderem dos padrões do passado e perceberem que as séries estão inseridas numa nova realidade audiovisual. Um número menor de capítulos não representa descaso com o show, mas pode culminar na maior qualidade das histórias ali contadas. Nada de Reign ou kriptonita. A enrolação da CW se tornou a maior inimiga de Supergirl.

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